| 19/07/2006 14h57min
A primeira semana de ataques aéreos israelenses contra o Líbano na atual crise deixou 280 mortos e 850 feridos, segundo fontes oficiais, enquanto o Unicef alertou para a "situação catastrófica" vivida pelo país árabe devido à falta de água e de alimentos. O ministro da Saúde do Líbano, Mohammed Khalifa, que deu os números de mortos e feridos, afirmou que é muito difícil levar estes últimos aos hospitais porque várias ruas e estradas estão com o trânsito interrompido e os bombardeios continuam.
O responsável pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Líbano, Robert Laurent, advertiu que o país vive uma "situação catastrófica", devido aos problemas no abastecimento de água, alimentos básicos e remédios em várias regiões.
Segundo Laurent, após sete dias de bombardeios ininterruptos, em muitas regiões já são escassos produtos de primeira necessidade, e os cortes de luz, que começaram a ser freqüentes, prejudicam meio milhão de pessoas. Ele diz que o número de deslocados que fogem dos bombardeios já se aproxima de meio milhão. Além disso, expressou sua preocupação com a situação das pessoas que permanecem em casa e das que se refugiaram nas escolas e hospitais do sul do país.
O representante do Unicef disse ainda que a agência das Nações Unidas havia entregado cerca de 6 milhões de euros para o fornecimento de artigos de primeira necessidade, e expressou sua inquietação com o isolamento marítimo, aéreo e terrestre que Israel impôs ao Líbano. Segundo a rede de televisão "LBC", vinte caminhões sírios e jordanianos cheios de ajuda estão bloqueados na fronteira.
As redes de TV mostram centenas de estrangeiros abandonando o país. O pânico e o pessimismo prevalecem em todo o território libanês.
Hoje, cerca de mil americanos foram evacuados do Líbano a bordo de um navio com destino ao Chipre. As imagens de televisão mostraram alguns dos americanos subindo pelas escadas do navio carregando sua bagagem nas costas. Foi a primeira operação de evacuação por navio realizada pela Embaixada americana. A operação realizada hoje é a segunda evacuação de americanos. Nesta terça-feira, um grupo de 320 pessoas saiu do país em sessenta helicópteros, também rumo ao Chipre.
O presidente do Parlamento, Nabih Berri, responsabilizou os países-membros do Conselho de Segurança da ONU por não obrigar Israel a cumprir suas obrigações humanitárias, o que, segundo ele, fazem quando se trata de outros países.
Enquanto isso, continua a ofensiva militar de Israel. Na tarde de hoje, o quartel-general da Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (FINUL), na localidade libanesa de Nakura, foi atingido por bombas israelenses, segundo um porta-voz desta organização. As fontes acrescentaram que também foi bombardeada a posição da FINUL em Maroun al-Ras.
O bombardeio israelense, que não deixou vítimas, aconteceu depois de milicianos do Hezbollah lançarem vários mísseis contra o norte do território do Estado judeu a partir das proximidades dos escritórios da FINUL. O Al-Manar, canal de televisão do Hezbollah, anunciou durante o dia a morte de três soldados israelenses em confrontos com seus milicianos na fronteira Líbano e Israel.
Um porta-voz do Exército israelense admitiu que combatentes da milícia xiita Hezbollah mataram hoje dois soldados em um confronto no sul do Líbano, perto da fronteira. Outros dois ficaram feridos de gravidade média e sete sofreram ferimentos leves em um combate no qual um miliciano libanês perdeu a vida, acrescentou.
Segundo o Exército, soldados de uma unidade de elite do Exército israelense entraram no Líbano, em uma região ao norte da cidade israelense de Avivim, após receber informação sobre um plano dos milicianos do Hezbollah de atacar o norte do Estado judeu.
Na tarde de hoje, Israel voltou a atacar o aeroporto internacional de Beirute e a estrada de Choueifat, por onde transitam caminhões que transportam mantimentos para a população, segundo o canal "LBC". De acordo com a fonte, os aviões militares de Israel também estão sobrevoando e bombardeando bairros do sul da capital, considerados um reduto do grupo xiita Hezbollah.
A mesma fonte afirmou que um representante do Hezbollah disse que os milicianos do grupo radical estão preparados para enfrentar Israel "durante muito tempo" e ainda não utilizaram todas as armas a que têm acesso.
AGÊNCIA EFE