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 | 21/06/2002 23h23min

PDI do Besc está suspenso

As demissões no Besc que começariam na segunda-feira, dia 24, foram suspensas. O presidente do banco, Natalício Pegorini, disse que não vai mais arriscar novas datas para o início do pagamento do Plano de Demissão Incentivada (PDI). Na segunda-feira, 150 seriam demitidos, abrindo o ciclo de dispensas que iria até 5 de julho. Pelo cronograma entregue aos funcionários na quinta-feira, 150 rescisões seriam feitas por dia até 5 de julho. Tempo suficiente para enxugar a folha em 1,5 mil trabalhadores. Muitos deles, nesta sexta, dia 21, já haviam limpado as mesas e entregue exame médico e documentação para a rescisão. Para comunicar a decisão do PDI, a direção enviou mensagens a todos os funcionários pela rede interna de comunicação. A nota oficial decepciou trabalhadores em todo o Estado.

Pegorini disse que vai apostar no profissionalismo de todos para que retomem normalmente suas funções nas agências e postos bancários. Ele admitiu que, por causa do novo atraso e da lei eleitoral - que impede contratações e demissões 90 dias antes das eleições - o número de dispensados vai cair. Ele não arrisca na leva a deixar a instituição antes da venda. Na prática, o banco não terá tempo para tantas rescisões num prazo tão curto. Pegorini lembrou aos que torcem pela manutenção do banco como estadual que o processo é irreversível. O Besc está entre as estatais a ser vendidas. O que tem que ser definido são as regras para a venda.

Nesta sexta-feira, ele admitiu estar urpreso com a decisão do Banco Central. Ele ainda acredita que o leilão será este ano. O certo é que ninguém mais acredita que a venda saia antes da segunda quinzena de setembro. A expectativa de vender o banco ganhou fôlego quando o BC anunciou em março os bancos pré-qualificados ao leilão. Depois disso, uma sucessão de decisões na Justiça contra a implantação do PDI e o atraso do BC no envio dos relatórios dos avaliadores do Tribunal de Contas da União (TCU) começaram a empacar o processo.

A briga judicial chega a envolver mais de uma dezena de ações, que vão desde medidas adotadas pelo Sindicato dos Bancários de Florianópolis e Região a acionistas minoritários, no Rio de Janeiro. A primeira e mais importante é uma ação popular impetrada junto à 3ª Vara Federal de Florianópolis, que questiona todo processo de federalização, com base no fato de que o Estado transferiu suas ações à União sem estabelecer um preço, o que contraria a legislação civil que obriga a determinação do preço na relação compra e venda. Essa ação já foi julgada no mérito, há cerca de 20 dias, pelo juiz Cláudio Silva, e ainda não foi avaliada (nem derrubada pelo BC) junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Na prática, ela faz o processo reverter à estaca zero e devolve ao governo do Estado o controle acionário do banco.

SILVIA QUEVEDO / DIÁRIO CATARINENSE
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