| 15/03/2006 22h23min
O futuro do zagueiro Antônio Carlos, do Juventude, estará em jogo na tarde desta quinta. A partir das 14h, o jogador será julgado no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) pelos incidentes verificados na partida do dia 5 de março contra o Grêmio, pelo Gauchão. Caso seja punido com pena máxima, ele pode colocar um ponto final na carreira.
Acusado de ter agredido e proferido ofensas racistas contra o volante Jeovânio, do Grêmio, Antônio Carlos foi denunciado nos artigos 253 (agressão) e 187 (ofensa moral) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Apesar do suposto caso de racismo ter ido parar nas páginas de todos os jornais do país, é a denúncia de agressão que mais preocupa os advogados do Juventude. Isso porque ela prevê suspensão de 120 a 540 dias, enquanto a outra, de 30 a 120.
Dependendo do rigor do Tribunal, Antônio Carlos, 36 anos, pode se decidir pela aposentadoria. Se ele for condenado à pena máxima, a punição é de 780 dias de suspensão. Especula-se que, em caso de um gancho pesado, o zagueiro possa virar técnico, trabalhando até mesmo nas categorias de base do Juventude – com quem tem contrato até o fim do ano.
A estratégia do departamento jurídico do Juventude é tentar desqualificar a denúncia do artigo 253 para o 255. Na prática, isso significaria julgar o atleta por ato de hostilidade, e não por agressão física. No caso das ofensas morais, o time da Serra apostará em um vídeo com depoimentos de funcionários negros do clube, incluindo jogadores. A conduta de Antônio Carlos é abordada no material, sustentando que ele nunca discriminou ninguém.
– Levarei companheiros de clube ao Tribunal e pretendo usar imagens e som de jogadores que atuaram com ele – adiantou o advogado do Juventude Alexandre Borba, que não está muito otimista quanto ao julgamento. – É óbvio que não há esperança de absolver o Antônio Carlos. Vamos tentar que ele seja julgado por artigos cujas penas sejam mais brandas – explicou.