| 10/02/2006 14h58min
Uma equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) viajará este fim de semana à Nigéria, onde foi detectado um foco de gripe aviária entre animais, para investigar a cepa do vírus e reforçar os trabalhos de vigilância diante da possível aparição de casos humanos.
– No sábado e no domingo, sete ou oito pessoas irão para a Nigéria, entre eles epidemiologistas da OMS e analistas de laboratório e logística – anunciou Mike Perdue, virologista da OMS em entrevista coletiva.
A OMS examina a composição genética da variante do vírus detectado na Nigéria para atestar se é a mesma que causou a morte de quatro pessoas na Turquia. O diretor-geral do órgão, Lee Jong-wook, reconheceu hoje que a "preocupante" confirmação de que o vírus H5N1 se espalhou entre aves da África requer a adoção de "ações imediatas". Lee afirmou em comunicado que "o vírus confirmado agora na Nigéria representa um risco para a saúde e o sustento humanos".
Já Perdue acredita que se trata de "um único foco limitado a uma única espécie" de ave, o que "seria uma boa notícia". No entanto, "é difícil prever com exatidão que espécies carregam o vírus e que rotas vão seguir", por isso não se pode prever quais países serão os próximos afetados, disse o especialista.
A cepa H5N1 do vírus da gripe aviária reapareceu no final de 2003 na Coréia do Sul e, desde então, se disseminou por aves de quase 20 países, do Extremo Oriente até Europa e África, onde esta semana foi registrado o primeiro foco, em uma granja da Nigéria.
Em sete países o vírus se transmitiu para humanos e já causou 88 mortes: 42 no Vietnã, 16 na Indonésia, 14 na Tailândia, sete na China, quatro no Camboja e na Turquia e uma no Iraque. Perdue esclareceu que "não há evidências de que o foco detectado na Nigéria tenha passado para algum humano, mas o risco é alto".
As autoridades sanitárias temem que o H5N1 se espalhe pela Nigéria e por outros países, muito afetados pelo vírus da aids, a tuberculose, a malária e infecções respiratórias, o que poderia atrasar a detecção dos casos de gripe aviária em humanos.
No entanto, o diretor do Programa para a Erradicação da Poliomielite da OMS, Bruce Aylward, apontou que "temos a vantagem de a Nigéria ser um dos países da África em que a OMS tem mais meios e pessoal".
A OMS realiza um importante esforço para erradicar a poliomielite da Nigéria, um dos quatro únicos países do mundo em que a doença continua sendo endêmica. O órgão se propôs a eliminá-la no mundo todo em dois anos, o que exige a intensificação dos esforços na Nigéria, onde um novo foco de pólio chegou a infectar mais de 20 países que já tinham se livrado do vírus em 2005.
As autoridades sanitárias consideram vital efetuar uma campanha de comunicação em massa que esclareça os cidadãos do perigo da convivência, sacrifício e consumo de aves doentes.
AGÊNCIA EFE