| 18/01/2006 15h43min
O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, disse hoje que a queda da bolsa de Tóquio por causa do escândalo do grupo de internet Livedoor é um "assunto temporário", que não afeta a solidez da economia japonesa.
A queda vertiginosa da bolsa seria "de natureza temporária, já que as condições econômicas são sólidas", disse Koizumi à imprensa após receber o relatório do ministro de Serviços Financeiros, Kaoru Yosano, sobre o desastre vivido nos últimos dois dias no mercado de Tóquio.
As ações do grupo de internet precisaram ser suspensas do pregão de Tóquio na manhã de hoje porque a empresa passava por uma operação da promotoria japonesa para investigar a suspeita de falsificar seus resultados para valorizar suas ações na bolsa.
À tarde, as ações voltaram ao mercado e a avalanche de negociações deixou os sistemas em colapso, obrigando a antecipar o fechamento em 20 minutos.
No fim do pregão, o índice Nikkei havia perdido 464,77 pontos (2,9%), e estava em 15.341,18 pontos. Foi o segundo dia com queda de mais de 400 pontos, ou seja, 5,7% de queda acumulada.
Fontes da Promotoria informaram que, aparentemente, a empresa manipulou suas finanças de 2004 para registrar lucro de 1,4 bilhão de ienes (cerca de US$ 12 milhões). Na verdade, as contas estavam no vermelho, com perdas de mais de um bilhão de ienes (aproximadamente US$ 8,7 milhões).
Os fiscais indicaram que a análise das mensagens eletrônicas trocadas pelo presidente da Livedoor, Takafumi Horie, de 33 anos, e seu diretor de finanças, Ryoji Miyauchi, de 38 anos, demonstrarão se estão envolvidos nas falsificações. Os dois deverão ser ouvidos pela Promotoria, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo.
Horie fundou a Livedoor em 1996. O grupo cresceu rapidamente graças às suas compras agressivas, às fusões com outras companhias e ao fracionamento de suas ações.
O capital de fundação foi de seis milhões de ienes (cerca de US$ 50 mil). Dez anos depois, com 2.500 funcionários e 44 filiais, seu valor de mercado chegou a 600 bilhões de ienes (US$ 5 bilhões).
Fontes da investigação disseram que a Livedoor acrescentou 2,4 bilhões de ienes (US$ 20,8 milhões) em lucros a seus resultados para cobrir perdas. Para isso, criaram vendas falsas e agregaram lucros de outras empresas que atualmente estão sob o controle da Livedoor, mas que não estavam em 2004, como a empresa de créditos Royal Shinpan, agora batizada como Livedoor Credit.
Em 2004, as finanças desta e de outras empresas não faziam parte da contabilidade da Livedoor, que pode ter escondido este "pequeno detalhe" do Fisco.
AGÊNCIA EFE