| 21/12/2005 18h32min
O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), criticou hoje alguns petistas que insistem em negar a ocorrência da prática do mensalão. Ele voltou a afirmar que existem evidências suficientes para comprovar que o governo deu dinheiro a partidos políticos em datas próximas a votações importantes no Congresso.
O parlamentar afirmou ainda, após encerrada a sessão da CPI em que foi apresentado o relatório parcial das investigações, que se pode dizer que houve um “semanadão”.
– Alcançamos evidências de que pagamentos foram efetuados em datas próximas à aprovação de certos projetos. Não tem como negar que o mensalão existe e os pagamentos indicam até a existência de um semanadão. Tenho o maior apreço pelo PT mas lamento que eles continuem defendendo o indefensável. Isso deixa o partido ainda mais desacreditado – disse Serraglio.
O presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), por sua vez, afirmou que os dados
obtidos pela investigação ainda precisam
ser melhor analisados para se chegar a uma conclusão específica sobre o mensalão. Segundo Delcidio, os saques podem indicar outros crimes, como arrecadação para caixa dois em campanhas eleitorais. Ainda assim, o deputado disse ter ficado surpreso com a coincidência dos saques com as votações no Congresso.
Após a divulgação do relatório, deputados da base aliada do governo que integram a comissão, como o deputado Maurício Rands (PT-PE), afirmaram que de fato houve um esquema de corrupção envolvendo empresas públicas e o empresário Marcos Valério para beneficiar parlamentares. Entretanto, eles não se convenceram de que esse esquema serviu para que deputados votassem a favor do governo ou mesmo trocassem de partido.
– Num sentido mais amplo, quando entendemos o mensalão como o pagamento feito por Marcos Valério à base aliada, ele ocorreu – disse Rands.
Rands entende ser prematura qualquer vinculação do dinheiro recebido pelos parlamentares com a votação de projetos de interesse do governo ou com mudanças de legendas partidárias. A senadora Ideli Salvatti tem a mesma opinião do colega petista.
– Houve repasse de recurso para personagens políticos. Mensalão para patrocinar a troca de partido ou para o parlamentar votar com o governo não tem comprovação – afirmou ela, com base no relatório apresentado por Serraglio.
Ideli voltou a insistir que o documento final a ser apresentado em abril pelo relator tem que mostrar todo o esquema de corrupção operado por Valério e não apenas a partir de 2003, "como se ele tivesse sido criado por este governo". Salvati reafirmou que Marcos Valério operava este esquema de corrupção desde 1997.
Contatado pela Rede Globo, o empresário Marcos Valério negou as acusações apresentadas no relatório e a existência de um pagamento a parlamentares da base aliada. Segundo o empresário, não há recursos públicos nos empréstimos intermediados por ele ao PT.
AGÊNCIAS O GLOBO E BRASIL