| 21/12/2005 14h17min
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), detalhou hoje o que considerou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o empresário Marcos Valério, o Banco do Brasil e a Visanet. Durante a prestação de contas, o parlamentar apresentou dados e números para tentar comprovar as suspeitas.
– Todo esse sistema é feito para lavagem de dinheiro, que desmorona a versão dos empréstimos ao PT – definiu o relator.
Serraglio citou a auditoria feita no Banco do Brasil sobre os adiantamentos feitos à DNA (empresa de Valério) entre 2001 e 2004. Nos últimos dois anos, foram detectados quatro adiantamentos de R$ 23,3 milhões, R$ 6,4 milhões, R$ 35 milhões e R$ 9 milhões. A auditoria encontrou notas falsas da DNA em todos eles. Cerca de R$ 9 milhões dessas antecipações estão sendo investigados por suspeita de terem sido pagos sem a realização dos serviços.
O relator detalhou também uma cadeia de investimentos que, segundo ele, explicariam parte da "lavagem de dinheiro" que seria a real natureza dos supostos empréstimos feitos ao PT: no dia 19 de maio de 2003, a Visanet fez um adiantamento de R$ 23,3 milhões para a DNA. Um dia depois, a DNA aplicou R$ 23,2 milhões em fundos do Banco do Brasil. Dois dias depos (22/5), essa mesma aplicação foi dada como garantia de um empréstimo de R$ 9,7 milhões tomado no próprio BB.
Já no dia 26 de maio do mesmo ano, a SMPB – também de propriedade de Marcos Valério – realizou empréstimo de R$ 19 milhões no Banco Rural, que teria sido repassado ao PT. No mesmo dia, a SMPB remeteu para a DNA recursos suficientes para quitar o empréstimo feito no Banco do Brasil.
Depois de encerrar a apresentação, o relator foi aplaudido pelos colegas. Neste momento, os parlamentares passaram a comentar as informações recebidas. Cada um tem a palavra assegurada por cinco minutos – 17 estão inscritos.
A prestação de contas, entretanto, sofreu contestações. O deputado Maurício Rands (PT-PE) disse que os recursos depositados pelo BB nas contas de Marcos Valério, não seriam públicos. Apesar de reconhecer a existência de irregularidades, Rands afirmou que eles tiveram origem na taxa de administração cobrada aos usuários dos cartões de crédito geridos pela Visanet.
– O Banco do Brasil falhou ao não fiscalizar corretamente os repasses para a Visanet, mas os recursos não eram públicos – sustentou.
O deputado também reclamou que o relatório não aborda de modo mais aprofundado o esquema de repasses montado pelo mesmo empresário em 1998 e que pode, segundo ele, ter beneficiado o PSDB na campanha eleitoral para o governo de Minas Gerais.
AGÊNCIAS CÂMARA, SENADO E O GLOBO