| 19/12/2005 16h24min
Dois meses após a abertura de um processo contra o líder licenciado do PP, José Janene (PR), no Conselho de Ética da Câmara, finalmente o órgão conseguiu notificar o deputado. Janene estava protelando o recebimento da notificação para ganhar o máximo de tempo possível e fugir do julgamento da perda de mandato por quebra de decoro parlamentar.
O Conselho chegou a aprovar a ida de uma equipe médica ao Paraná para se certificar do real estado de saúde do parlamentar, que teria se submetido a uma cirurgia de implantação de células-tronco. Contudo Janene, após acerto com o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), conseguiu a dispensa da visita e havia prometido, há duas semanas, enviar um advogado para que fosse notificado, o que só ocorreu na última quinta.
O processo contra Janene foi instaurado no dia 17 de outubro. Ele proibiu os funcionários de seu gabinete de receberem a notificação em seu nome, o que é prática comum. Apesar de alegar estar doente, o parlamentar chegou a apresentar emendas, no valor total de R$ 5 milhões, ao Orçamento da União, o que causou mal-estar entre os deputados que integram o Conselho de Ética.
– É brincadeira com o Conselho. O deputado Janene está bem de saúde para reivindicar emendas mas para ser notificado ele está doente? – disse Orlando Fantazzini (PSOL-SP).
Mesmo recebendo a notificação na última semana, Janene ganhará um pouco mais de tempo. Agora, ele terá cinco sessões para apresentar a defesa prévia. Como o Congresso Nacional está funcionando parcialmente, somente em meados de janeiro é que passará a se contar este prazo. A duração do processo de cassação é de 90 dias e se fosse valer a regra, o Conselho teria apenas mais 30 dias para julgar Janene. Entretanto, como todos os processos foram prorrogados por mais 90 dias, sobrará tempo para analisar o caso do líder do PP.
José Janene é acusado de ter recebido cerca de R$ 4,1 milhões do esquema de Marcos Valério
Fernandes. O dinheiro foi sacado pelo
ex-assessor do deputado João Cláudio Genu, no Banco Rural, em Brasília.