| 09/12/2005 20h49min
O ministro das relações Institucionais, Jaques Wagner, irá insistir na próxima semana junto à oposição para tentar votar o orçamento de 2006 ainda neste ano. O governo buscará ainda evitar a convocação extraordinária do Congresso para que o projeto seja apreciado e órgãos como o Conselho de Ética e as CPIs continuem funcionando.
Wagner já esteve com o PSDB e pretende conversar na próxima semana com o PFL. O périplo do ministro pode ser mais difícil agora, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a oposição de radical e golpista, durante a Cúpula do Mercosul hoje no Uruguai.
– Esqueçam votação de orçamento neste ano – afirmou o líder do PFL, senador José Agripino (RN).
– Cabe ao governo formar maioria e votar – acrescentou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
O maior temor do governo com a convocação é manter aberto um palanque da oposição. Jaques Wagner ouviu claramente do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que essa é a intenção do partido e do PFL:
– Para mim, a convocação é ótima. Quero ter uma tribuna aberta – disse o tucano ao ministro.
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), contestou a versão do governo de que o objetivo é atrapalhar os investimentos federais em ano eleitoral:
– Deixamos claro que não há nenhuma intenção em deixar o governo Lula sem dinheiro em 2006 mas que não podemos votar agora o orçamento. O ministro sabe que será difícil – afirmou Tasso.
Na área da base do governo, também existem problemas. Não há confiança em relação ao apoio integral do PMDB à votação do Orçamento, mesmo depois do encontro do presidente Lula com a cúpula do partido na quarta. Por isso, uma das reivindicações do PMDB, a nomeação de Paulo Lustosa para a presidência da Anatel, só sairá depois da aprovação da lei orçamentária. Lustosa hoje é presidente da Funasa e já foi secretário-executivo do Ministério das Comunicações.
AGÊNCIA O GLOBO