| 01/12/2005 19h46min
A CPI desistiu de votar hoje os relatórios parciais sobre movimentação financeira, elaborado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), e contratos, apresentado pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). Por sugestão dos dois autores, esse material servirá de subsídio para o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que deverá apresentar seu segundo relatório até o próximo dia 15.
- Eu e o Fruet avaliamos que, em vez de nos alongarmos na discussão desses relatórios parciais, seria melhor apenas encaminhá-los como peças de colaboração para o relatório final - propôs Cardozo, logo no início da sessão administrativa. Na tentativa de garantir um acordo para a votação de seu relatório, Fruet chegou a incluir no texto trechos do depoimento de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro da campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo. Neste depoimento, Mourão admitiu que o empresário Marcos Valério pagou dívidas do candidato tucano em 1998 com um empréstimo contraído no Banco Rural. Mesmo assim, o deputado Maurício Rands (PT-PE), em nome de seu partido, optou por apresentar uma complementação ao relatório sobre movimentação financeira. Rands não só reiterou no seu adendo ao relatório as revelações feitas por Mourão, comprometendo o PSDB, como salientou que o empréstimo contraído por Valério em 1998 dava como garantia o contrato de publicidade entre a DNA Propaganda e a Secretaria de estado da Casa Civil e Comunicação Social do governo de Minas Gerais. Na complementação sugerida pelo petista, foram incorporadas também as informações de que o Grupo Opportunity, através da Telemig Celular e da Amazônia Celular, efetuou pagamentos que somam mais de R$ 150 milhões em favor de Marcos Valério entre 2000 e 2002. - O fato é que as divergências não foram sobre o texto que apresentei, mas pelo o que não incluí no relatório. Fiz todas as mudanças sugeridas pelo deputado Cardozo para que não fosse chamado de intransigente. Mas a disputa política persiste. Então, não vamos entrar nesse jogo que pode inviabilizar os trabalhos da CPI. Fica aqui nossa contribuição para o deputado Serraglio - disse Fruet. Se aprovados, os dois relatórios parciais seriam encaminhados para o Ministério Público. O de Fruet propunha o indiciamento de Marcos Valério e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Cardozo sugeria o indiciamento de 14 pessoas, entre eles dois ex-presidentes dos Correios. AGÊNCIA O GLOBO