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Lâmpada pode trazer riscos à saúde

Uso excessivo e incorreto da iluminação artificial pode favorecer a transmissão de doenças e alterar o ciclo de plantas e insetos

Entre os grandes avanços de uma comunidade, a luz elétrica está na linha de frente. Com o tempo, o modelo de lâmpada incandescente desenvolvido por Thomas Edison se transformou sem perder valores como praticidade e segurança.

Séculos depois, um pesquisador italiano radicado no Brasil decidiu estudar o quanto a iluminação artificial pode alterar um ecossistema e, assim, mudar a vida das pessoas. O trabalho do ecólogo Alessandro Barghini descobriu que o aquecimento provocado por uma lâmpada pode alterar o ciclo das plantas e dos insetos, acostumados à iluminação natural. No extremo dessa mudança, aves migratórias podem perder o rumo.

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A questão vai além, atinge a saúde das pessoas. Não pelo senso comum que prega as bênçãos de momentos ao ar livre ou as dádivas da iluminação natural. Insetos que são vetores de parasitas são atraídos por lâmpadas sem proteção ou luminárias sem filtro. Os números de um teste realizado pelo pesquisador indicam que uma lâmpada de vapor de sódio sem filtro ultravioleta teria atraído 43 insetos. Com filtro, o número de insetos cai para 16. Entre as doenças com possibilidade de maior contágio estão malária, leishmaniose e doença de Chagas.


Foto: Júlio Cordeiro, 29/05/2002 / BD

– O nosso desejo é informar a população e pensar em alternativas para a iluminação – garante.

O estudo do pesquisador da USP começou no início da década. Sua tese de doutorado deu origem ao livro Antes que os vaga-lumes desapareçam, lançado este ano. Agora, um novo artigo do ecólogo está na edição de outubro da revista Environmental Health Perspective, do Instituto Nacional de Estudos de Saúde Ambiental (NIEHS), dos Estados Unidos. Ele reforça a ligação dos vetores com o uso inadequado e excessivo das lâmpadas.

Biólogo e pesquisador do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, Paulo Roberto Urbinatti, acredita na importância de verificar o nível de influência da iluminação no contágio de doenças importantes. Ao mesmo tempo, reforça que isso ocorre apenas com vetores que costumam picar no entardecer. Assim, Barghini sugere formas de se proteger:

– É fundamental que as lâmpadas estejam protegidas com filtro ultravioleta. Já as luminárias colocadas da parte externa, devem ficar o mais longe possível das residências.

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