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O Irã continua resistindo à crescente pressão internacional para autorizar inspeções nucleares mais rígidas por parte da Organização das Nações Unidas (ONU). A República Islâmica acusou nesta segunda, dia 16, os Estados Unidos de cometerem uma "flagrante interferência" em seus assuntos, numa resposta aos elogios do presidente George W. Bush às recentes manifestações por democracia no Irã.
União Européia, Rússia e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) pediram ao Irã que autorize a presença de inspetores que poderiam determinar se o programa nuclear do país é realmente pacífico ou se ele oculta intenções bélicas, como acusam os EUA.
Tentando conseguir concessões em um tema que, em princípio não seria negociável, Teerã disse que só vai permitir a presença dos inspetores se em troca puder receber tecnologia nuclear ocidental.
Os Estados Unidos incluem o Irã na lista de inimigos que chamam de "eixo do mal". Desde o final da guerra no vizinho Iraque, a pressão sobre o regime islâmico vem aumentando continuamente.
Ignorando os protestos de Teerã, o assessor do Pentágono Richard Perle, considerado o "arquiteto" da guerra no Iraque, disse que o apoio às manifestações pró-democracia pode ser o melhor modo de derrubar o regime dos aiatolás, o que já eliminaria a suposta ameaça nuclear do país.
– A melhor maneira de lidar com o programa nuclear iraniano seria libertar o povo iraniano – afirmou.
Algumas autoridades iranianas afirmam que a onda de protestos, uma das mais intensas desde a Revolução Islâmica de 1979, foi organizada no exterior.
– A América está travando uma guerra psicológica contra o Irã – disse o ministro da Inteligência, Ali Yunesi, segundo os jornais locais.
As manifestações reúnem principalmente estudantes que se opõem aos aiatolás conservadores. Confrontos entre os manifestantes e milicianos xiitas têm sido frequentes. Nos últimos dias, os protestos vêm perdendo força, mas a imprensa disse que uma pessoa morreu nas últimas manifestações.
Reunidos em Luxemburgo, chanceleres da União Européia disseram que o Irã – atualmente espremido pela presença militar norte-americana no Iraque e no Afeganistão – precisa aceitar as inspeções mais rigorosas se quiser levar um acordo comercial adiante. Os europeus também se disseram preocupados com a repressão às manifestações.
Numa mudança significativa de rumo na direção dos EUA, a União Européia também declarou que o uso da força pode ser necessário se a diplomacia não resolver a suposta ameaça de armas químicas, biológicas e nucleares. Nesse ponto, porém, a União Européia não fez referência direta ao Irã.
Em Viena, onde fica sua sede, a AIEA discutiu o duro relatório de seu chefe, Mohammed El Baradei, no qual ele acusa Teerã de não ter divulgado "certos materiais e atividades nucleares". Mesmo assim, ele disse que os iranianos estão corrigindo as informações.
El Baradei também pediu ao Irã que assine o Protocolo Adicional ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o que permitiria que os monitores da AIEA fizessem inspeções mais detalhadas, mais abrangentes e com menos tempo de aviso prévio.
A Organização de Energia Atômica do Irã disse que pode seguir o conselho, desde que em troca receba tecnologia atômica.
– Ainda não decidimos a respeito da assinatura do Protocolo Adicional, mas estamos estudando-a positivamente – disse o porta-voz Khalil Mousavi.
Diplomatas que trabalham em Viena disseram que, com isso, o Irã não está oferecendo "nada de novo". Em Teerã, porém, um diplomata europeu afirmou que as recentes declarações representam uma postura mais maleável por parte do regime dos aiatolás.
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