| 03/05/2009 23h09min
O Guaíba esverdeado deixa os porto-alegrenses com os sentidos aguçados, especialmente o paladar e o olfato ao abrir as torneiras.
Neste domingo, quem esteve na orla deparou com a tonalidade que em épocas de estiagem, principalmente no verão, indicou a proliferação acentuada de algas. Em anos anteriores, o fenômeno chegou a alterar o gosto e o cheiro da água tratada. A prefeitura afirma ainda não ter recebido queixas.
Neste domingo, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) desconhecia qualquer efeito no gosto ou no cheiro da água tratada. Pelo telefone 115, nenhuma queixa foi recebida, o que fez o departamento não indicar oficialmente fonte para falar sobre o assunto com o receio de se antecipar a um problema que não existe.
O Dmae investiu nos últimos anos e conseguiu reduzir o problema. Mas a estiagem que atinge o Estado, notada nas margens salientes das ilhas do Guaíba, pode estar dando novo fôlego às algas, que geralmente no verão
causam transtornos. Segundo Luiz Augusto
dos Santos Ercole, engenheiro civil e sanitarista com mestrado em tratamento de águas, a principal causa do transtorno não mudou: a poluição orgânica.
— O volume de água reduz, mas a quantidade de matéria orgânica é a mesma. E ainda que a temperatura tenha baixado um pouco, ainda não caiu o suficiente para atrapalhar as algas, ainda mais com vários dias de sol — diz o especialista.
Por enquanto, poucas pessoas dizem ter notado diferença. Entre elas, está o gerente de um restaurante no bairro Ipanema. Há mais de 30 anos no negócio, ele tem o paladar apurado.
— Faz pouco mais de uma semana que venho notando um gosto estranho. Se continuar assim nos próximos dias, vamos usar água mineral para lavar e preparar os alimentos. Não vejo as pessoas comentando, mas faz parte do trabalho perceber qualquer alteração no sabor — afirma José Carlos Araújo.
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