| 03/01/2008 14h55min
Boa parte dos feitos de que o técnico Wanderley Luxemburgo se vangloriava em sua terceira passagem no Santos foram duramente criticados pelo desafeto Emerson Leão nesta quinta-feira, dia da reapresentação do elenco.
– As dificuldades envolvem setores. Dirijo o futebol e prefiro falar sobre esse – iniciou o ataque Leão, que, contudo, não se limitou a protestar contra o que herdou em sua área. Investimentos exagerados em patrimônio e departamento médico também não foram poupados.
A política de contratações de Luxemburgo era o primeiro e mais fácil alvo de Leão. Sempre criticado por reforçar o clube com jogadores do paranaense Iraty, clube dirigido pelo amigo Sérigo Malucelli (entre os quais, apenas Cléber Santana vingou), o antigo treinador trouxe 15 atletas para a Vila Belmiro em 2006, quando retornou do Real Madrid. Destes, apenas o goleiro Fábio Costa e os meio-campistas Maldonado e Rodrigo Tabata permanecem no elenco.
Hoje, os tempos são de vacas magras, como definiu Leão.
– Quando saí do Atlético-MG, o Geninho chegou e disse que era o trabalho ficou fácil, pois já existia uma base. Não é o caso do Santos. Temos muitos jogadores emprestados, alugados, e pouco definidos. É bom que a torcida saiba que teremos dificuldades nesse inicio de campeonato. Pensei que o Santos fosse um pouco mais ligth, mas não é – reclamou. Em sua apresentação, o técnico havia dito que retornara ao Santos justamente em busca de um trabalho ligth.
Entre os indefinidos, no entanto, estavam Baiano, Alessandro, Adaílton, Antônio Carlos, Leonardo, Rodrigo Souto, Adriano, Pedrinho, Petkovic, Marcos Aurélio e Moraes. Dos onze, Alessandro, Adriano, Rodrigo Souto e Marcos Aurélio renovaram contratos, Adaílton e Pedrinho ainda negociam (ambos têm propostas de outros clubes) e Moraes continua com vínculo vigente até o final do mês.
Ao trazer esses e outros jogadores, Leão acusa Luxemburgo de não saber administrar o lucro que a venda de revelações como Robinho, campeão brasileiro com os dois técnicos, gerou. A prioridade do novo comandante do Santos, como na passagem vitoriosa de 2002, é novamente formar pratas-da-casa. Segundo ele, os portões que separam o campo de treinamento da base do que é utilizado pelo time profissional não terão mais cadeados.
– Pode ser que não surja ninguém, ou então que seja até melhor, mas ainda não vi nascer um Robinho, Elano, Diego, Alex e Renato. Venderam todos eles, por isso o Santos montou uma boa estrutura. Só não imaginava chegarmos na fase das vacas magras – voltou a alfinetar Leão. Luxemburgo defendia-se constantemente sobre o fato de recorrer pouco às categorias de base no ano passado.
A última benfeitoria no patrimônio do clube, bastante alardeada por Luxemburgo e sua comissão técnica, foi a construção do Centro de Excelência em Prevenção e Recuperação de Atletas de Futebol (Cepraf), então comandado pelo fisioterapeuta Nilton Petroni, o Filé, que também rumou para o Palmeiras.
– Vi o Filé dizer que estava preocupado com o futuro do Cepraf, mas não precisa, não – ironizou Leão.
Para o lugar de Filé, por intermédio de quem o Santos adquiriu aparelhos para estruturar o Cepraf, o clube tentou tirar Luiz Rosan do Reffis do São Paulo, sem sucesso.
– Falavam maravilhas do Cepraf, mas alguns aparelhos estavam quebrados, outros sumiram. Estavam ali e desapareceram. Não sei o que ocorreu. Estaria sendo leviano se falasse alguma coisa que não sei – acusou Leão.
Por último, o técnico atacou os médicos do clube. Joaquim Grava, trazido por Luxemburgo, já retornou ao Corinthians, porém Carlos Braga confirmou as acusações.
– As coisas não são perfeitas. Cheguei e, como treinador novo, pedi um relatório dos testes e exames dos últimos anos. Não existe porque não foram feitos. Perguntem para os funcionários das áreas se estou errado – Leão chiou mais uma vez. Nesta quinta-feira, por sinal, os jogadores do Santos se submeteram a coletas de sangue e urina para exames médicos.
O curioso é que Luxemburgo, meses antes de deixar o Santos (por exigir um investimento ainda maior em reforços), proclamou que já planejava o clube para 2008, de modo que um eventual substituto pudesse dar continuidade ao seu trabalho. Leão preferiu começar do zero.
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