| 12/12/2007 03h42min
Os times de futebol, todos sabem, são organismos vivos, que não vivem de baixa dágua, que não transitam pelos céus, mas têm todos os pés exatamente no chão, que é grama e destino. Mudam muito, sofrem influências surpreendentes e dependem na sua nomenclatura de 11 nomes, de alguns bem dotados, pessoas felizes e dispostas a trabalhar e que não se satisfazem com os primeiros acontecimentos, mas, ao contrário, desejam sempre chegar ao fim do ano como uma espécie de herói. Herói é aquele muito bem-sucedido que realiza por sua comunidade próxima ou remota um conjunto de desejos que, de outra forma, seria inacessível. Não é isso mesmo que é um grande jogador de futebol?
Nunca como neste final de temporada, por todas as razões que se possa invocar ou levar em conta, houve tanta insatisfação e dúvida quanto neste Brasileirão de 2007, que foi a confirmação de todas as virtudes de uma competição por pontos corridos, mas também com todas essas dúvidas a respeito do futuro imediato, isso é, 2008.
Poucos técnicos
continuaram à frente de seus times, a maioria foi trocada, substituída ou ao menos posta em discussão. É a prova dessa insatisfação pela falta de heróis consistentes e de times confiáveis.
Mano Menezes, de todos os técnicos, é o que tem a tarefa mais difícil e urgente. Está chegando da Inglaterra onde foi visitar a filha e não vai mais parar de pensar nas soluções para o Corinthians, degredado à segunda divisão. Uma delas é o experiente e muito eficiente zagueiro William, do Grêmio, seu time logo imediato e uma das suas garantias ao longo de todo o ano. O negócio com o Corinthians tem uma solução que não satisfaz ao Grêmio, mas se encaixa nas urgências dramáticas do Corinthians. Uma dívida remanescente de um negócio mal feito com o zagueiro Nenê poder servir agora como o modo mais rápido e conveniente da negociação. Ninguém tem dinheiro, uma dívida pode ser a melhor moeda. Estava se decidindo esse ontem, o Grêmio aflito e preocupado porque perde o seu principal defensor, o Corinthians
entusiasmado
porque encontrou uma escolha que talvez possa efetivar.
E assim vai ser com a formação dos times, essa imposição dos fatos de um campeonato que só teve o São Paulo com unanimidade.
Paletó
Conversei com Antônio Carlos Zago (por Zago jogou na Itália, por Antônio Carlos no Brasil). Estava elegantemente vestido, cuidadoso na conversa, mas me pareceu convencido de que poderá fortalecer a posição de Mano Menezes e do time do Corinthians. A torcida é um fator inimaginável de pressão e cobrança, mas também, dependendo dos fatos, ser um fator determinante do sucesso. Um clube popular como o Corinthians, com torcedores em São Paulo e em todo o Brasil, o que é uma experiência que só o Flamengo sabe avaliar, é uma experiência profissional sem comparação. Um fato pequeno pode se transformar num episódio bizarro e os fatos muitos grandes, e que sempre não são poucos, podem degredar uma crise que só mesmo o governo federal tem experiência. É
quando a paixão é desatendida e no seu lugar
fica apenas a aparência ridícula da incompetência. Não ha outro tipo de leitura, e Antônio Carlos Zago atrás do seu paletó há de saber bem como tirá-lo ou se recompor, dependendo da ante-sala.
Yoko
Fischer, Spolidoro e Giba Assis Brasil estavam ontem em São Paulo ninando o filme que fizeram, e que agora começa a circular, sobre a grande conquista do Internacional em Yokohama. Quem pode ver ficou entusiasmado, e os colorados choram na sala escura.
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