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A Argentina, que no passado foi um exemplo de relativa distribuição da riqueza, comparado com outros países da América Latina, hoje confronta-se com a maior desigualdade social do país no último meio século. Segundo relatório da consultoria Equis, baseado em dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), os 10% mais ricos da população de Buenos Aires retêm 52,6% da receita nacional, enquanto que os 10% mais pobres somente conseguem 0,3%. Desta forma, os mais ricos recebem 175,3 vezes mais do que os mais pobres.
Em 1974, os mais ricos ficavam com 37,5% da receita do país e os pobres com 2,1%. A diferença entre os dois setores era de somente 17,9 vezes. Na cidade de Buenos Aires é onde se percebe a queda drástica da classe média argentina. Segundo os resultados do Censo realizado no ano passado, e que ainda estão sendo analisados pelo governo, a população das favelas instaladas na capital argentina triplicou nos últimos 20 anos.
Atualmente, dos 2,9 milhões de habitantes da cidade, 106 mil moram em favelas. Destes, uma proporção significativa são ex-integrantes da antigamente abastada classe média portenha. O crescimento da brecha entre ricos e pobres na Argentina cresceu rapidamente ao longo dos dois governos do ex-presidente Carlos Menem (1989-95 e 1995-99) e continuou durante a administração inacabada do ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001).
Nos últimos doze meses a brecha aumentou 95,4%. Segundo o governo, 44,2% da população urbana argentina é pobre. Isso equivale a 14,7 milhões de pessoas. A Equis sustenta que por causa do aumento do custo de vida de 2,3% em janeiro, a proporção nacional de pobres já estaria em 46,7%. Para ser considerado pobre, na Argentina, é necessário ter uma receita mensal inferior a 120 pesos (equivalente a US$ 60). A região com a maior proporção de pobres é a do norte-nordeste do país, onde os pobres constituem 57,3% da população.
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