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 | 18/10/2005 21h04min

Citigroup nega financiamento de campanhas políticas

Empresários acusaram Daniel Dantas de fraude em depoimento à CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Compra de Votos ouviu hoje, por cinco horas e meia, o depoimento de dois representantes do Citibank no Brasil, Gustavo Marin, presidente da instituição no país, e Sérgio Spinelli Silva Júnior, procurador legal do Citigroup. Eles negaram que as empresas tenham feitos qualquer financiamento para campanhas políticas e explicaram as razões que levaram o Citibank a afastar Daniel Dantas do comando do fundo CVC.

Recentemente os fundos de pensão ganharam na Justiça, junto com o Citibank, o direito de exercer o controle administrativo da Brasil Telecom numa disputa jurídica com o Banco Opportunity. Mesmo sem a maioria das ações da empresa, o banco Opportunity, de propriedade de Daniel Dantas, detinha o controle da Brasil Telecom, operadora de telefonia fixa de parte das regiões Norte, Sul e Centro-Oeste do país. Por acordos firmados na época da privatização da Telebrás, em 1997, o banco comandava o fundo Opportunity Zain Participações.

Os acordos permitiam que Dantas controlasse duas partes do fundo Zain: CVC Nacional – em que os fundos de pensão cediam o controle ao Opportunity; e CVC Estrangeiro – em que a direção foi cedida pelo Citibank.

O presidente do banco, Gustavo Marin, disse que contratos capitaneados por Daniel Dantas foram revistos e descobriu-se a realização de negócios que não interessavam ao Citi como acionista. Segundo Spinelli, o banqueiro foi afastado por justa causa do comando do fundo e está sendo processado numa corte de Nova York.

– Uma análise profunda dos contratos e da atuação do banqueiro enquanto gestor do fundo CVC identificou que o banco Opportunity, na qualidade de gestor do Opportunity Zain e do Fundo CVC cometeu violações de contratos, quebra de dever fiduciário, fraude, má conduta profissional e enriquecimento sem causa – disse.

A suspeita de alguns deputados é de que a gestão de Dantas poderia ter servido para desviar dinheiro para políticos, fazendo parte, assim, do suposto esquema de Marcos Valério conhecido como mensalão. O relator da CPI, deputado Ibrahim Abi Ackel (PP-MG), disse que agora os parlamentares podem descer em profundidade nas contas do fundo de pensão para estabelecer, por exemplo, quais os contratos de publicidade e possíveis superfaturamentos, e assim chegar ao financiamento de campanhas.

Antes do início da audiência, o plenário da CPI aprovou a indicação das empresas de auditoria externa que vão realizar perícia contábil nos dados coletados pela comissão. A Ernst Young vai analisar os fundos de pensão, e o consórcio Moore Stephens/ Villas Rodil, vai periciar as movimentações financeiras.

 
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