O ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares teria admitido a existência de caixa 2 para financiar campanhas do partido em depoimento espontâneo à Procuradoria Geral da República. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. O dinheiro clandestino, ainda segundo Delúbio, não teria sido destinado à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência em 2002.

Nesta segunda, a Comissão Parlamentar mista de Inquérito (CPI) dos Correios receberá as íntegras dos depoimentos do ex-tesoureiro e do empresário Marcos Valério de Souza, que também falou espontaneamente à Procuradoria, um dia antes do ex-tesoureiro petista.

O depoimento de Delúbio teria sido motivado pela iniciativa de Valério, mas há especulações de que os dois teriam combinado falar à Procuradoria. Delúbio teria confirmado que o PT fez empréstimos junto ao empresário mineiro.

O publicitário apontado como um dos operadores do suposto esquema de mensalão já teria dito no dia anterior ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que o montante emprestado ao PT somaria R$ 40 milhões. Contabilizados juros e correção monetária, o valor chegaria a R$ 90 milhões. Segundo informação divulgada neste sábado pelo Jornal Hoje, da Rede Globo, em decorrência de outras operações, a dívida do PT hoje seria de R$ 160 milhões.

Em entrevista ao Jornal Nacional nesta sexta, Valério confirmou o que teria dito na Procuradoria: ele e suas empresas teriam sido responsáveis por empréstimos ao PT. Mas o publicitário não falou em valores. Ele contou que o dinheiro seria para campanhas eleitorais e negou qualquer envolvimento com o susposto esquema de mesadas que seriam pagas a deputados da base aliada.   

Ainda antes de a entrevista ir ao ar, Valério divulgou nota à imprensa garantindo que todas as operações envolvendo dinheiro emprestado para o PT seriam legais. O partido ainda não se pronunciou sobre as novas declarações do publicitário.

Neste sábado, o presidente nacional do PT, Tarso Genro, também por meio de nota, informou que soube do depoimento de Delúbio à Procuradoria por meio da imprensa e que o partido irá apurar as declarações do ex-tesoureiro.

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), havia adiantado na sexta que os depoimentos de Valério e de Delúbio apontariam para a existência de um esquema ilegal de arrecadação de fundos para a campanha do PT. Delcídio conversou com o procurador-geral da República, mas não revelou os detalhes.