| 07/03/2005 15h07min
A decisão de Carlos Mesa de renunciar ao cargo de presidente da Bolívia após menos de dois anos de governo põe à prova as instituições de um país marcado pela instabilidade e por golpes de Estado. A avaliação foi feita, nesta segunda, dia 7, por analistas.
O Congresso deverá decidir se aceita ou não a demissão anunciada no domingo e, no caso de aceitá-la, terá que escolher entre duas alternativas: abrir as portas para a linha sucessória prevista na Constituição ou convocar eleições nacionais para um mandato de dois anos e cinco meses, completando o atual mandato de cinco anos.
– O pior que o Congresso pode fazer é aceitar a renúncia porque temos de recuperar um pouco de sensatez –afirmou na segunda-feira o analista de política Roger Cortes.
Segundo Cortes, Mesa jogou duro para tentar se livrar dos entraves parlamentares e da pressão dos movimentos sociais.
– Mas a luxúria se desatou no Congresso diante da possibilidade de recuperar o controle do poder com a saída do presidente Carlos Mesa – disse.
Estão habilitados para a sucessão presidencial o presidente do Senado, Hormando Vaca Díez, do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR); o presidente da Câmara dos Deputados, Mario Cossío, do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR); e o presidente da Corte Suprema de Justiça, Alfredo Rodríguez.
Mesa, um político sem filiação partidária, era vice-presidente quando assumiu o cargo em outubro de 2003, depois de o então presidente Gonzalo Sánchez de Losada ter abandonado o país em meio a uma violenta revolta popular na qual morreram 80 pessoas. As pesquisas mostram que Mesa possui popularidade, mas sua margem de manobra é pequena devido ao Congresso, controlado por partidos tradicionais, e devido a um movimento indígena cada vez mais organizado e crítico.
As informações são da agência Reuters.
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