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 | 15/10/2004 13h22min

MP dos transgênicos causa polêmica entre produtores de soja

Presidente da Farsul não está satisfeito com todos os pontos publicados

O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, criticou alguns pontos da medida provisória, publicada nesta sexta, dia 15, no Diário Oficial, que libera o plantio da soja transgênica na atual safra. Para Sperotto, a MP se contradiz ao Fome Zero, porque determina a incineração da soja transgênica que não for comercializada até janeiro de 2006.

O presidente da Farsul entende que o Brasil não pode incinerar alimentos num momento como esse. A Farsul estima que 90% da soja plantada no Rio Grande do Sul seja geneticamente modificada. Os agricultores gaúchos e também do Paraná gostaram da ação do governo, mas não estão totalmente satisfeitos.

– É claro que isso tranquiliza o produtor –  afirmou o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, acrescentando que a decisão já era amplamente esperada pelo setor.

Estimativas do mercado de soja indicam que mais de 90% da área de cultivo no Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor nacional, depois do Mato Grosso e do Paraná, é de soja transgênica, que chegou há alguns anos no Estado contrabandeada da Argentina.

O presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, que também participa do evento em Maringá, afirmou que a MP deverá fazer com que aumente o número de produtores de soja transgênica no Estado. Na safra anterior, 574 produtores paranaenses assinaram o termo de compromisso declarando o plantio da soja GM, o que corresponderia, segundo a Ocepar, a cerca de 5% da produção.

– Neste ano vai ter bem mais que isso – disse Koslovski.

Ele afirmou, no entanto, que a MP "ficou aquém do que o setor queria", por não regulamentar a pesquisa de outros OGMs (organismos geneticamente modificados) e por não incluir a questão do porto de Paranaguá.

– Vamos ter os mesmos problemas de 2003 – afirmou.

A publicação da MP não teve aprovação de todos os setores. O governador do Paraná, Roberto Requião, e ambientalistas criticaram a medida provisória.

– O Lula estava sendo pressionado pelo Rio Grande do Sul, que foi violentado pelos interesses dos produtores de transgênicos. O Lula, de fato, agora não tinha saída – afirmou o governador do Paraná, Roberto Requião, tradicionalmente contrário aos transgênicos.

– Espero que produtores do Paraná não entrem nesta aventura –  disse o governador a jornalistas em Maringá, norte do Paraná, durante a abertura da Festa do Plantio da Soja.

O governador do Paraná afirmou que vai manter a proibição dos embarques de soja transgênica pelo porto de Paranaguá, principal corredor de exportação de grãos do país, que é administrado por seu irmão, Eduardo Requião.

Requião também sinalizou que vai continuar buscando junto à União que o Paraná seja declarado área livre de transgênicos.

– Eu espero que o Lula libere o Paraná desta porcaria – disse.

– É um desrespeito à sociedade brasileira permitir que um transgênico que não passou por uma avaliação ambiental adequada no país possa continuar sendo cultivado – disse em um comunicado a bióloga Gabriela Couto, integrante da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.

A ONG disse que a nova MP, a exemplo das anteriores, fere decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que proíbe o plantio da soja geneticamente modificada antes dos estudos de impacto ambiental. 

As informações são da Rádio Gaúcha.

 
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