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 | 07/05/2001 07h23min

Fiscalização na fronteira com Argentina é frágil

A preocupação dos produtores do noroeste gaúcho em relação à chegada do vírus da febre aftosa na região tem fundamento. Tanques, caminhões e soldados do 19º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RCMec) do Exército, acampados à margem do Rio Uruguai, em Porto Mauá, na fronteira com a cidade argentina de Alba Posse, não impedem o contrabando de animais. Bastam um barco a remo e um intervalo de 15 minutos para que qualquer mercadoria atravesse os cerca de 750 metros de rio que separam os dois países. Isso sem fiscalização, a menos de 500 metros de um dos postos avançados do Exército e a uma distância aproximada de três quilômetros da aduana. Por ali, em diversos pontos, dezenas de embarcações cruzam, diariamente, sem que haja qualquer tipo de controle. E, com os barcos, todo tipo de contrabando troca de lado. Na região, o trânsito de gado pelo rio é acompanhado como uma atividade normal. Amarrada por uma corda e puxada pelo barco, a rês atravessa o Rio Uruguai a nado. Animais jovens e pequenos podem ser levados dentro do próprio barco, com as patas amarradas. O sentido do transporte só varia de acordo com a valorização do quilo do boi nos dois países. A travessia já tem até uma tabela de preços. No lado brasileiro, um bovino argentino vale R$ 10. O sistema é o mesmo nos dois países. O gado roubado é amarrado a uma corda e deixado no mato até que os ladrões façam uma varredura na área para não serem flagrados pela fiscalização. Em seguida, é só cair na água e entregar a encomenda no lado contrário. Segundo o comandante da Operação Boiadeiro 2, coronel Juarez Conceição Bermudez, do 19º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RCMec), “somente na região entre Porto Lucena e a Barra do Rio Turvo (SC), já apoiamos o fechamento de 68 abatedouros clandestinos em cerca de um mês”. Bermudez disse que existem 260 homens na região, mas que a missão da companhia não é abordar nem fiscalizar, mas alertar atividades suspeitas. – São 290 quilômetros de rio para controlar, o que torna muito difícil garantir eficiência completa. Tentamos prevenir a entrada da doença, mas impedir totalmente é impossível – ressalta.

CLAUDIO MEDAGLIA JR
 
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