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Marcha de abertura do FSM reúne milhares de pessoas

Brasileiros empunhavam bandeira do país no meio da multidão

Uma grande marcha, com milhares de pessoas de várias nacionalidades, grupos de trabalhadores, estudantes e indianos marginalizados pelo sistema de castas hindu, marcou a abertura do 4º Fórum Social Mundial em Mumbai na Índia. A festa começou às 16h (8h30min em Brasília) e estendeu-se durante a noite com shows e outras atividades culturais. A forte presença de populações excluídas cumpriu um dos objetivos do deslocamento do FSM este ano para a Índia: a popularização do evento, restrito, em Porto Alegre a uma elite intelectual e cultural.

Os brasileiros, desta vez em minoria, empunhavam a bandeira nacional no meio da multidão, lembrando aos participantes que foi em Porto Alegre, três anos atrás, que o evento deu seus primeiros passos.

O ministro das Cidades, Olívio Dutra, representante oficial do governo brasileiro no FSM, fez sua primeira aparição pública em Mumbai no dia da abertura do evento. Numa entrevista coletiva na sala de imprensa do Fórum, Dutra afirmou que acredita que a realização do evento na Índia será importante para estreitar os laços do país com o Brasil e com nações de características semelhantes.

Segundo ele, a Índia é um país que já contribuiu muito para pensar a questão das diferenças, das desigualdades, das injustiças, da necessidade de termos um mundo diferente, que começa com a discussão das realidades regionais nos países e nos continentes.

Sobre as diferenças entre Porto Alegre e Mumbai, o ministro falou que percebe mais as semelhanças. De acordo com ele, há muitas convergências deste Fórum com a América Latina, com o Brasil.

– Estamos propondo inclusive um G3, formado por Índia, Brasil e África do Sul. São países com muitos problemas semelhantes e com muita disposição para mudar esta realidade, por meio de uma presença mais soberana no cenário internacional, fugindo dos blocos hegemônicos dos países econômica e militarmente mais fortes – disse.

Este ano, os slogans contra o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do Comércio que marcaram os primeiros eventos em Porto Alegre e deflagraram protestos contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) cederam espaço a manifestações contra a guerra e pelo respeito aos direitos humanos.

– Não se pode separar a democracia política da democracia social – explicou o ativista de direitos humanos palestino Mustafa Barghouti, um dos oradores da cerimônia de abertura.

Representantes do Iraque, Irã e Vietnam – todos abalados por guerras –, também falaram na abertura do FSM, evidenciando uma mudança de ênfase nos debates. Mas, segundo o ativista britânico Jeremy Cobin, que integrou o grupo de oradores desta sexta, a luta pela paz também é uma luta por uma outra globalização.

– Depois da guerra do Iraque, surgiu um sentimento de solidariedade principalmente no Brasil e na Índia, países que se posicionaram contra o conflito. O colapso das negociações da Alca em Cancun no ano passado foi o resultado dessa mobilização, principalmente na América Latina – comentou.

Segundo os organizadores, cerca de 100 mil pessoas inscreveram-se para participar das atividades durante o evento. Após a solenidade de abertura, o público presente no Fórum pôde embalar-se ao som do grupo brasileiro de Hip Hop Instituto. Os músicos levaram ao palco artistas indianos, africanos e promoveram uma fusão de ritmos acústicos com som eletrônico.

As informações são da Agência Brasil.

 
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