| 17/11/2003 19h13min
Representantes do setor produtivo reivindicaram nesta segunda, dia 17, uma postura menos conservadora do Banco Central e defenderam um corte superior a um ponto percentual na taxa de juros para garantir a sustentabilidade do processo de recuperação econômica. O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) se reúne nesta terça e quarta, dias 18 e 19, quando deve definir a nova taxa básica de juros, a Selic.
– Poderíamos ser mais ousados, todos os indicadores apontam essa possibilidade – disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, que comentou suas expectativas em relação à reunião do Comitê de Política Monetária desta semana.
A taxa Selic está atualmente em 19% ao ano. Nos últimos cinco meses, o Copom reduziu os juros em 7,5 pontos, mas nas últimas três reuniões os cortes foram de apenas 0,5 ponto por mês. Piva disse acreditar ser necessário um corte de cerca de 1,5 ponto este mês, apesar de reconhecer que a maioria dos analistas aposta em uma redução de apenas um ponto.
O presidente da Fiesp ressaltou que os últimos números das contas externas e da inflação criaram um "momento ideal" para uma decisão menos conservadora do BC. Piva falou à imprensa antes de participar de seminário sobre desoneração de investimentos produtivos promovido pela Fiesp, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos. O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, também citou a inflação ao defender cortes mais agressivos dos juros.
– Na última reunião, nós tínhamos um IPCA em setembro apontando 0,7%. Agora, temos um IPCA inferior a 0,3%. Se naquele momento houve uma redução de um ponto, agora há espaço para uma redução maior – argumentou o industrial a repórteres.
Neto enfatizou que os agentes econômicos reagem positivamente à perspectiva de queda de taxa de juros, mas acrescentou que, mesmo se o BC for conservador desta vez, essa postura será bem recebida pelo mercado, dado o quadro de retomada da economia e da demanda.
Com informações da Agência Reuters.
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