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A Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou nesta terça, dia 2, uma comissão independente a realizar um inquérito sobre o atentado contra sua sede em Bagdá, numa reação às críticas dos que acham que a entidade não deveria investigar a si própria.
A subsecretária-geral de administração da ONU, Catherine Bertini, enviou um email a todos os funcionários dizendo que, além da investigação oficial, haverá também "um inquérito independente para investigar nossas medidas de segurança antes do atentado". Ela não disse qual órgão independente vai assumir a investigação.
O atentado de 19 de agosto feriu 160 pessoas e matou 22, inclusive o chefe da missão em Bagdá, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Desde então, o sindicato dos funcionários da ONU vem pedindo ao secretário-geral Kofi Annan que suspenda as operações da entidade no Iraque e promova "uma investigação completa e independente para determinar por que não havia segurança adequada na sede da ONU em Bagdá".
O sindicato quer saber, por exemplo, por que havia tantos funcionários em Bagdá, já que a situação de segurança recomendava apenas a permanência do pessoal essencial. Algumas fontes da ONU disseram que os encarregados da segurança no local tinham alguma margem para decisões nesse sentido.
O coordenador de segurança da ONU no Iraque, Tun Myat, acaba de regressar daquele país e nos próximos dias deve apresentar seu primeiro relatório sobre o caso, cujo conteúdo não deve ser divulgado. Alguns especialistas dizem que muito pouco podia ter sido feito contra o atentado, provocado por um caminhão-bomba.
Mas ainda há questões básicas a serem respondidas. Os Estados Unidos, responsáveis pela segurança no prédio da ONU, foram omissos? A ONU, cujos funcionários não queriam ficar presos em um quartel, rejeitou a ajuda norte-americana?
– Nunca pudemos confirmar que em qualquer ocasião a ONU tenha recusado uma oferta de segurança – disse o porta-voz da entidade, Fred Eckhard. – Dissemos, isso sim, que não queríamos viver em um quartel armado, e estamos no momento reavaliando a segurança desde que nos tornamos vulneráveis a esse violento ataque.
Eckhard lembrou que, no momento da explosão, os EUA estavam construindo um muro de concreto de quatro metros de altura em resposta à crescente ameaça "que eles perceberam e nós reconhecemos".
– Isso não bastou, porém, para prevenir o dano deste ataque a bomba – disse o porta-voz.
Ele também confirmou que a intenção da ONU é reduzir substancialmente a sua presença no Iraque. Atualmente, há cerca de 400 funcionários estrangeiros no país, dos quais cerca de 110 em Bagdá. Antes do atentado, havia várias centenas a mais.
Cerca de 50 funcionários devem ser retirados de Bagdá, e outros 150 devem sair do norte do país, onde hoje há 300 funcionários da ONU. No sul, os estrangeiros vão se deslocar de Basra para o Kuweit, segundo fontes da ONU.
– Estamos tentando minimizar os transtornos ao permitir às pessoas que podem fazer seu trabalho fora do Iraque que o façam – disse Eckhard. – Estamos contando com funcionários iraquianos para assumir grande parte das tarefas humanitárias. Não podemos fazer nosso trabalho de forma tão eficiente tendo mais de metade da nossa equipe estrangeira fora do país, mas estamos fazendo o melhor possível.
Com informações da agência Reuters.
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