| 17/06/2003 16h42min
Em sua segunda visita ao Rio Grande do Sul desde que foi eleito presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça, dia 17, questionou as críticas contra a política econômica que está adotando em seu governo, fazendo menção velada às declarações do ex-presidente Fernando Henrique, publicadas no site do PSDB. Lula discursou para centenas de pessoas na 11ª edição de Feira Nacional do Doce (Fenadoce), em Pelotas. No início do pronunciamento, o presidente quebrou o protocolo e se aproximou do público que o assistia na feira.
Referindo-se às reformas estruturais, Lula frisou que não quer unanimidade, quer apenas bom senso. Ele questionou por que uma procuradora do Estado deve se aposentar com 47 anos, se um cortador de cana precisa trabalhar até os 60 anos para se aposentar. Salientou que aqueles que ganham menos sabem que não vão perder com as reformas propostas.
Lula falou que mesmo sem ser especialista em questões tributárias e previdenciárias, ele conseguiu reunir os 27 governadores para debater o assunto.
– Eu aprendi no chão da fábrica a negociar, a conversar com as pessoas – disse ele.
Durante o discurso, presidente prometeu que em seu governo serão realizadas as reformas sindical, trabalhista e política. Além disso, afirmou a sua maior obsessão é gerar empregos. Ele declarou que conhece como ninguém o desespero daqueles que estão sem trabalho.
Sobre as críticas ao governo, ele afirmou que tem ainda quatro anos para provar que um torneiro mecânico pode governar o país com mais sabedoria do que os demais presidentes.
– O Brasil estava quebrado e alguém vai ter que salvar esse país – destacou Lula.
Ele afirmou que o país estava no buraco e algumas pessoas que agora reclamam esquecem que em dezembro o risco-Brasil chegou a atingir 2.400 pontos. Ele lembrou que os créditos internacionais para a exportação estavam cortados quando assumiu a presidência. Caso seu projeto não seja bem sucedido, ele falou que voltará a São Bernado do Campo, não podendo se dar ao luxo de ir morar na França.
Em mais uma de suas metáforas, o presidente comparou as decisões tomadas pelo governo com os lances de um jogo de futebol. De acordo com Lula, não há tempo para dar bico na bola, referindo-se a possíveis decisões precipitadas. Ao responder às críticas sobre os poucos resultados optidos pelo Executivo nos cinco meses, Lula frisou que tem ainda quatro anos para governar.
Insinuando que não irá se intimidar com as críticas, Lula disse que as maiores vaias que tomou ocorreram na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e na criação do Partido dos Trabalhadores. Sobre a Reforma Agrária, ele afirmou que em seu governo será finalmente promovida a justiça no campo.
Mais uma vez, ele falou sobre o lançamento de um plano de crédito para cooperativas. De acordo com ele, será o maior projeto implementado para esse fim no Brasil.
Lula disse que duvida que o Brasil, em algum momento, tenha gozado de tanta respeitabilidade. Em seu pronunciamento, ele agradeceu aos gaúchos, dizendo que se dependesse do Estado há muito tempo já teria sido eleito para a Presidência. Lembrou ainda que essa foi a sétima feira de agronegócios que visita nos cinco meses de governo.
Já o governador Germano Rigotto, em seu pronunciamento, salientou a importância da Fenadoce na economia da região. Rigotto disse que a aprovação da reforma tributária promoverá a justiça fiscal. Mencionando as divergências que o governo federal tem enfrentado, ele ressaltou que a contrariedade com um ponto ou outro das reformas não pode comprometer a aprovação das mudanças. O governador elogiou, sem dar nomes, inclusive os antigos adversários Tarso Genro e Olívio Dutra ao falar sobre a capacitação dos representantes gaúchos no governo federal.
O prefeito de Pelotas, Fernado Marroni, lembrou que há mais de 40 anos um presidente não visitava a cidade. Durante o seu pronunciamento, ele destacou a importância de dispositivo da proposta da reforma tributária que fixa novos critérios de repartição do ICMS, levando em conta o critério populacional. Ele declarou que essa alteração irá beneficiar a Metade Sul.
Participaram do evento, os ministros da Cultura, Gilberto Gil, das Cidades, Olívio Dutra, da Agricultura, Roberto Rodrigues. A secretária Especial de Políticas para Mulheres, Emília Fernandes, e o secretário de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, também estavam presentes na Fenadoce. A primeira-dama, Marisa da Silva, acompanhou o presidente em sua visita à cidade gaúcha.
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