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O Brasil vai provavelmente sacar a próxima parcela de recursos a que tem direito no acordo com o Fundo Monetário Internacional, que disponibilizou mais de US$ 30 bilhões em empréstimos ao país, segundo o ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
– Provavelmente sim, não há porque não fazê-lo – disse o ministro nesta segunda, dia 5, após encontro com técnicos do Fundo que chegaram a Brasília para a terceira revisão do acordo.
A liberação de recursos para o país está condicionada à aprovação pelo diretoria do Fundo, que avalia se o país cumpriu as metas estabelecidas. Segundo o chefe da missão técnica do FMI, José Marquez-Ruarte, a próxima parcela será de cerca de US$ 9 bilhões.
Dentro do programa com o FMI aprovado em setembro do ano passado, o Brasil já sacou até o momento US$ 10,1 bilhões, segundo dados do Ministério da Fazenda. Somente em março, na esteira da segunda revisão do acordo e a primeira sob o novo governo, o país sacou US$ 4,1 bilhões.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por sua vez, ponderou que o saque depende do desejo do governo de aumentar suas reservas ou não.
– Não definiria como uma necessidade, mas será uma decisão baseada no fato de o Brasil desejar ou não aumentar as suas reservas – disse ele, durante um evento no Superior Tribunal Militar.
Segundo Palocci, o andamento das reformas será suficiente para que o Fundo dê continuidade ao programa, aprovando mais um desembolso. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado dos 27 governadores brasileiros, entregou pessoalmente ao Congresso as propostas de reformas tributária e previdenciária.
Em conversa com jornalistas, o chefe da missão do Fundo, José Marquez-Ruarte, elogiou o governo pelo encaminhamento das reformas e pela adoção de políticas que buscam reduzir a inflação.
– São propostas muito importantes para melhorar a política econômica e a eficiência da economia no Brasil. São reformas importantes que parecem contar com o consenso da população, e isso é importante para nós – disse ele.
Ele recomendou que o governo brasileiro "siga fazendo o que está fazendo", avançando nas reformas tributária e previdenciária.
Marquez-Ruarte também disse que a taxa de inflação permanece em níveis elevados, o que requer atenção, mas lembrou que as perspectivas são positivas e apontam para uma desaceleração dos índices de preços. Ele destacou ainda que o Banco Central tem agido de forma correta para reduzir a inflação, com uma política monetária apertada.
Ele notou que "quando a inflação tiver baixado e não houver problemas com as expectativas inflacionárias, a taxa de juros também vai cair".
Perguntado sobre a iniciativa do governo de adotar no futuro uma política fiscal anticíclica, permitindo que o país faça um arrocho fiscal menor em tempos de menor crescimento econômico, Marquez-Ruarte disse que ainda não viu os detalhes dessa política, mas
adiantou que, inicialmente, não há contra-indicações.
O acordo com o Fundo foi desenhado na segunda metade do ano passado para acalmar investidores que temiam que o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, caso eleito, abandonasse as reformas econômicas e a austeridade fiscal.
A principal meta do acordo com o FMI é um superávit primário equivalente a 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Nos primeiros três meses de 2003, o país já garantiu superávit primário de R$ 22,83 bilhões, bem acima da meta estipulada pelo Fundo para o período, de R$ 15,4 de reais.
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