A cotação do dólar comercial bateu novo recorde desde a implantação do Plano Real, em 1994. Nesta segunda-feira, 22 de julho, a divisa norte-americana encerrou o dia negociada a R$ 2,900 para venda e a R$ 2,905 para compra no comercial. Em relação ao fechamento da última sexta-feira, a alta chega a 1,22%. Em julho, a moeda atinge uma valorizaçao de 3,01%. No ano, o valor do dólar já subiu 25,43% ante o real.

Apenas em julho, ocorreram três recordes do dólar na comparação com o real. No dia 17, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 2,897 para venda, ante R$ 2,896 registrados no dia 1º. Na última vez que atingiu o topo, o valor em reais da divisa norte-americana foi resultado da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em reduzir os juros básicos do país – Selic – para 18% ao ano. Com taxas de juros menores, o investimento em dólar ficou mais atraente do que outros tipos de aplicações com retorno atrelado à Selic. A maior procura pelo dólar acabou elevando a cotação da moeda.

Nesta segunda-feira, a visita da vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, ao Brasil, o pedido de concordata da gigante norte-americana de telecomunicações WorldCom e o anúncio da compra da petrolífera argentina Perez Companc pela Petrobras foram os responsáveis pelo nervosismo do mercado financeiro. No meio da tarde, o Banco Central (BC) chegou a anunciar que interveio no câmbio. A instituição realizou leilão de linha externa – empréstimo de dólares para instituições financeiras com o compromisso de recomprá-los depois. Neste leilão, o BC ofereceu US$ 50 milhões. A data de recompra por parte do BC ficou marcada para 23 de setembro e a taxa máxima de compra ficou em R$ 2,935467. A instituição ainda vendeu hoje 1,5 mil contratos de swap cambial (troca de ativo indexado em uma moeda por outro indexado em outra moeda) com vencimento para 23 de outubro, cuja demanda estimada em reais foi de R$ 700 milhões. A autoridade monetária vendeu ainda 1,8 mil contratos, com vencimento para 13 de fevereiro de 2003. Em reais, a demanda estimada é de R$ 900 milhões. No dia 3, o BC anunciou que retomaria as intervenções diárias no mercado de câmbio para aumentar a oferta de dólares e, com isso, provocar, indiretamente, a queda na cotação da moeda norte-americana. Até o dia 31, as atuações do BC deverão somar US$ 1,5 bilhão.