| 18/07/2002 16h57min
O deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou nesta quinta-feira, 18 de julho, que o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, negou que o governo esteja negociando um novo acordo com Fundo Monetário Internacional (FMI), embora não tenha descartado essa possibilidade para o futuro. Mercadante se reuniu durante mais de duas horas com Fraga na tarde desta quinta na sede do BC.
– Ficamos felizes e, da nossa parte, queremos impulsionar os esforços para evitar que esse futuro se coloque. O FMI representa uma UTI e nós queremos trabalhar para sair da UTI – afirmou o deputado petista, um dos articuladores econômicos da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na semana passada Fraga reuniu-se, em Washington, com representantes do FMI e do FED, o banco central norte-americano, e na quarta-feira o ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse que um acordo seria possível dependendo do grau de compromisso da oposição com a atual política econômica.
Na conversa, o representante do PT afirmou que teve o objetivo de expor o compromisso do PT com estabilidade da economia e não a discussão de um eventual acordo de transição com o FMI. A assessoria do BC confirmou que Fraga deve receber na próxima semana, o candidato da Frente Trabalhista Ciro Gomes.
Segundo Mercadante, o PT pretende fazer todos os esforços para evitar que isso seja necessário. De acordo com o deputado, ele e o presidente do BC concordaram que não há urgência em se discutir essa questão. Mercadante disse ainda que os dois discutiram outras alternativas de transição de governo, como o caso da África do Sul antes da posse do presidente Nelson Mandela.
– Lá não houve nenhum acordo de transição, apenas um programa de estabilização que deu credibilidade e autonomia ao país sem a supervisão do FMI – disse o deputado.
O deputado petista disse que é favorável ao sistema de metas de inflação para o momento de transição do país, mas com um sistema de bandas para que, quando houver um choque de oferta, o governo possa usar a banda larga.
Mercadante defendeu ainda a aprovação de uma minireforma tributária pelo Congresso ainda neste ano. Segundo ele, isso seria fundamental para impulsionar o comércio externo do país e alavancar as exportações, com o fim da cumulatividade das contribuições sociais.
Segundo o parlamentar petista, Fraga quer voltar a se reunir, porque teria sugestões a dar sobre os rumos do BC em um próximo governo.
Nesta quarta, Fraga também se encontrou com o presidente do PSDB, José Aníbal, para discutir a situação econômica brasileira e a sucessão presidencial. Aníbal disse que os encontros com políticos de oposição fazem parte de uma "ação de governabilidade", mas não estão ligados à transição para o próximo governo.
© 2009 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.