| 01/07/2002 18h50min
O Plano Real chegou a seu oitavo aniversário, nesta segunda-feira, 1º de julho, com um novo recorde na cotação do dólar. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 2,896 para a venda, uma alta de 2,69% sobre o valor da última sexta-feira. Durante o dia, chegou a ser comercializada por R$ 2,900. Pouco antes do fechamento, o Banco Central havia anunciado leilão de US$ 300 milhões na tentativa de fazer o câmbio recuar. O motivo da alta brusca desta segunda foi o baixíssimo volume de negócios, que fez com que cada operação adquirisse um peso maior sobre as cotações.
A Bovespa seguiu a mesma tenfência de perdas e encerrou o pregão em queda de 2,21%. O C-Bond, principal título da dívida brasileira no Exterior, caiu a 61% de seu valor.O risco-país brasileiro aumentou mais de 4%, chegando perto dos 1.600 mil pontos básicos.
Na última quarta-feira, o dólar já havia batido recorde ao chegar a R$ 2,888 na máxima do dia e fechar em R$ 2,885. Mas, na semana passada, foram três dias de recuperação, mesmo com as notícias de fraude na WorldCom, empresa americana de telecomunicações.
Há oito anos, com a criação do Plano Real, o Brasil saía de um período marcado pelo descontrole de preços e patamares de inflação com três, quatro digitos. A moeda ficou atrelada ao dólar, e o dinheiro começou a valer mais. Em 1999, o real foi testado, saiu da paridade com o dólar e foram estipuladas as metas de inflação. O índice de desemprego subiu nesse período. Na região metropolitana de Porto Alegre, em abril de 1994, antes do Plano Real, 11, 7% da população estava desempregada, já em abril deste ano, o índice atingiu 15, 7%.
Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), o crescimento médio da economia por ano é de 2, 2%. As estimativas apontam a necessidade de um crescimento médio de 4, 5%. Com isso, 1,6 milhão empregos poderiam ser gerados, tornando os salarios mais competitivos, mais dignos. A prova do quadro está na Indústria, que com raras excessões, não opera com força total. Mas, segundo o economista Flávio Filgespan da FEE, a estabilidade é fundamental e, nesse ponto, o real mudou a vida do brasileiro.
Hoje, oito anos depois, a moeda está em teste novamente. O quadro político e a proximidade das eleições colocam o país, de novo, como bola da vez. A possibilidade do candidato de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, ganhar o pleito na corrida presidencial, com cerca de 40% dos votos nas pesquisas, tem deixado o mercado nervoso. Os investidores ficaram inseguros quanto à política econômia que pode ser adotada. Além disso, a possibilidade de contaminação da crise da Argentina ainda é um fator desestabilizador da economia, mesmo com as afirmações do ministro da Economia, Pedro Malan, sobre os fundamentos mais sólidos da situação de mercado do Brasil.
Com informações da Rádio Gaúcha e GloboNews.
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