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O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, pretende anunciar neste sábado, dia 1º, medidas de flexibilização do polêmico corralito (limitação de retiradas bancárias) em vigor desde dezembro.
– Parece que neste sábado vamos anunciar o decreto de necessidade e urgência que fixará as regras do plano de bônus que permitirá sair do corralito, já que o projeto do ministro da Economia, Roberto Lavagna, foi aprovado, inclusive pelos governadores provinciais – disse Duhalde à Rádio Rivadavia.
O plano permitirá aos interessados trocar seus depósitos a prazo fixo retidos nos bancos por bônus em dólares com prazo de 10 anos ou por bônus em pesos resgatáveis em cinco anos. Ou vender os certificados, ou ainda manter sua poupança em pesos e retirá-la parceladamente. Os detentores de contas correntes ou em caixas de poupança poderão optar entre manter seu dinheiro no banco e continuar retirando-o segundo as regras atuais ou trocá-lo por bônus em dólares com prazo de três anos.
O Plano de Bônus deverá ser baixado por meio de um decreto de necessidade e urgência (similar às medidas provisórias brasileiras) que Duhalde assinará hoje. Permitirá usar os bônus na compra carros e para construir moradias. Cerca de 70 bilhões de pesos (em torno de US$ 20 bilhões) ficaram bloqueados nos bancos em dezembro, gerando constantes protestos dos poupadores, que exigem a devolução de seu dinheiro.
O presidente classificou de “totalmente falsas” as versões de renúncia do ministro da Economia, Roberto Lavagna, que circularam na véspera. Para desmentir esses boatos, Duhalde foi ontem de manhã ao gabinete do ministro, manifestar-lhe seu apoio.
– Ontem (quarta-feira, dia 29) foi o dia em que Lavagna ficou mais contente por ver que as coisas que propôs estavam avançando – disse Duhalde, referindo-se ao novo plano.
Os bancos estrangeiros querem devolver o dinheiro dos correntistas em bônus obrigatórios, e não voluntários, como propõe o governo, e pretendem que o Tesouro argentino assuma todo o custo dessa operação. A Associação de Bancos Públicos e Privados da República Argentina apóia o programa. Duhalde criticou ontem os senadores contrários à revogação da Lei de Subversão Econômica, exigência do FMI para ajudar o país, e afirmou que não há alternativa:
– Se não for derrogada hoje (ontem, dia 30), não será jamais porque já não há alternativa. Os parlamentares que rejeitarem a revogação da lei – que pune empresários e banqueiros que pratiquem manobras ilegais ou fraudes financeiras – “não querem ajudar o país a seguir em frente”, disse Duhalde.
O Senado argentino acabou revogando a polêmica lei, por 35 votos contra 34. Parlamentares contrários à revogação afirmaram que a medida significa garantir a impunidade dos autores dos chamados crimes do colarinho branco. Duhalde também disse que o governo estuda um aumento de salários não-inflacionário, por meio de um abono fixo. O ex-ministro da Economia Domingo Cavallo, que está preso por suposto envolvimento em operação de venda ilegal de armas, criticou ontem o governo Duhalde.
– O atual governo é uma grande fraude para os argentinos e para o mundo. É pior que o peronismo, que o extremismo, que o sindicalismo – disse Cavallo.
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