| 24/03/2002 14h06min
Menos de 24 horas depois da invasão, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desocuparam espontaneamente – na manhã deste domingo, dia 24 – a fazenda Córrego da Ponte, em Buritis (MG), da família do presidente Fernando Henrique Cardoso. A propriedade foi invadida na manhã de sábado, dia 23. Após reuniões com Fernando Henrique e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann foi para Buritis negociar com os invasores.
Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o general Cardoso disse que os invasores cometeram um duplo delito: invadiram propriedade privada e desacataram autorização judicial. Jungmann atribui a invasão à "falta de respeito do MST" .
Pelo menos 16 invasores, identificados como líderes da ação, foram presos em flagrante pela Polícia Federal. O ministro da Justiça Aloysio Nunes Ferreira justificou as prisões alegando que os membros do MST incorreram em crimes de furto, invasão de propriedade privada, invasão de estabelecimento agrário, depredação e cárcere privado. Ferreira não especificou o que teria sido furtado ou depedrado pelos invasores. Conforme o ministro, estas informações só serão reveladas quando encerrar o levantamento que está sendo feito por peritos da polícia na fazenda Córrego da Ponte.
O Ouvidor Agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) , Gercino José Alves Filho, e a responsável no Incra pelos conflitos rurais, Maria de Oliveira, pediram exoneração dos seus cargos. Ambos participaram das negociações e haviam prometido ao MST que ninguém seria preso. Maria de Oliveira se disse indignada e traída. Os 16 detidos haviam ficado na fazenda para acompanhar a vistoria que seria feita no interior da casa. A Polícia Federal não esclareceu se a prisão ocorreu de forma pacífica.
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