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Educação Básica  | 02/11/2013 14h21min

Diferentes setores da sociedade engajados para tornar a educação uma prioridade

Educação, compromisso de todos é o novo tema da campanha A Educação Precisa de Respostas

Júlia Antunes Lorenço  |  julia.antunes@diario.com.br

O discurso de que educação é importante e o pedido por melhorias está na ponta da língua de todo brasileiro. A cobrança é necessária, mas o que cada um tem feito para transformar o assunto em prioridade?

Engajar a sociedade nessa tarefa é fundamental e isso envolve setor público, privado, ONGs e o próprio cidadão. Muitas vezes são ações de formiguinhas, que transformam pessoas e abrem caminhos, como a do Curso Pré-Vestibular Comunitário Gratuito do Rio Tavares em Florianópolis. Ele é tocado por professores voluntários que não recebem nem ajuda de custo, mas que são movidos pelo sentimento de oferecer oportunidade a moradores da região.

A gerente da Fundação Itaú Social Isabel Santana, que atua há 25 anos na área social, especialista em administração de Terceiro Setor e com MBA em Gestão e Empreendedorismo Social gosta de um ditado africano que reflete o espírito: "é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança."

Ela defende que para a sociedade se engajar na causa o primeiro passo é entender que de fato a educação é um compromisso de todos e encarar o assunto como uma corresponsabilidade social.

— Precisamos pensar que a educação das novas gerações é tão importante, mas tão importante, que não pode ficar a cargo de um setor só da sociedade, não pode ser só uma conversa de governo, porque é muito importante para ser só de governo, mas também não é só da família porque é muito importante, e também não é só da escola, porque é muito importante. — ressalta Isabel.

A diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, complementa:

— Uma sociedade que valoriza o conhecimento sabe claramente que é seu o dever de tornar mais fértil o terreno da educação. O produto da sociedade é aquilo que ela valoriza.

::Cursinho pré-vestibular se mantém pelo voluntariado::

Eles não ganham nem um centavo pelo que fazem, mas todas as noites professores dedicam três horas do tempo para preparar alunos de Florianópolis para o vestibular no Curso Pré-Vestibular Comunitário Gratuito do Rio Tavares, Sul da Ilha. O projeto da ONG Instituto Educação Jovem Popular começou em 2005 para oferecer outros caminhos a moradores carentes da região, que muitas vezes caíam no tráfico.

Passados oito anos, com idas e vindas de apoiadores, o cursinho continua graças a voluntários que não se deixaram abater pela perda de patrocínio e de ajuda para o projeto.

O que move esses batalhadores? Janete Teixeira, uma das coordenadoras do projeto, não pensa duas vezes: dar oportunidade de escolha aos estudantes.

— É ver que quem passou no vestibular não é aquela pessoa desconhecida num outdoor de uma escola famosa, é o parente de alguém da região, é o padeiro, é a faxineira. Compensa todo final do ano, quando sai o resultado.

Mais do que preparar os alunos para encarar um vestibular no final do ano, os professores fazem um trabalho de levantar a autoestima dos que estão matriculados:

— Quando eles chegam aqui colocam que querem tal curso, porque é o menos concorrido. Eles não acreditam neles. Depois eles mudam, alteram para fazer o que eles realmente querem. Entram uma ostra fechada, depois se abrem. É isso que move. É pela educação — ressalta.

O cursinho começa com uma turma de 140 alunos que têm entre 16 e 75 anos. Eles são selecionados pela condição socioeconômica. No segundo semestre, entram mais 170 estudantes para as turmas de semiextensivo. São 21 professores da Universidade Federal e do Estado de Santa Catarina (UFSC e Udesc) que não recebem nem ajuda de custo para estar no cursinho. O projeto usa as instalações da escola estadual Porto do Rio Tavares.

DIÁRIO CATARINENSE
Charles Guerra / Agencia RBS

ONG e professores voluntários mantêm cursinho pré-vestibular em comunidade de Florianópolis sem receber ajuda financeira
Foto:  Charles Guerra  /  Agencia RBS


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