A Educação Precisa de Respostas | 05/03/2013 18h11min
O mesmo cenário que existe em Joinville, com seis escolas interditadas, ocorre em Barra Velha. A diferença é que a cidade de pouco mais de 22 mil habitantes só conta com duas escolas estaduais, as duas únicas que atendem o ensino médio. A David Pedro Espíndola, que fica no bairro São Cristóvão, está interditada.
Parte dos 900 alunos foram remanejados para a escola Astrogildo Odon Aguiar, no Centro, e outros serão encaminhados para salas improvisadas da Apae. Mas cerca de 600 ainda não sabem onde e quando vão começar a estudar.
A escola David Espíndola foi vistoriada no ano passado pela Defesa Civil e pela Vigilância Sanitária de Barra Velha. Em novembro, a Defesa enviou o pedido de melhoria para a Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR). Em 14 de janeiro, mais uma vez o pedido foi feito.
— Nós avisamos que se não fosse feito nada, nós iriamos interditar —, explicou o coordenador da entidade, Elton Cesar Cunha.
Como nenhuma obra foi realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Joinville, que atende a região, em 15 de fevereiro a Defesa Civil optou pela interdição. Os principais problemas estavam na fiação elétrica, desabamento de parte das telhas e na falta de acessibilidade. A Vigilância ainda identificou a falta de saídas de emergência e até de extintores e de para-raios.
O Ministério Público ajuizou uma ação civil pública que foi acatada pela Justiça. Em 27 de fevereiro, a juíza Joana Ribeiro Zimmer decidiu que não haveria possibilidade de reformar a escola com os alunos dentro, como desejava a SDR. O Governo do Estado então teria cinco dias para transferir as crianças e até 60 dias para começar a reforma geral.
— Não se pode colocar em risco a vida e integridade física de 850 crianças e adolescentes motivando-se pela indisponibilidade de espaço físico provisório —, observou a juíza, citando ainda a tragédia de Santa Maria em sua decisão.
O prazo para transferência acabou na segunda-feira e nada aconteceu. A pena é de R$ 5 mil por dia ao Governo do Estado.
600 alunos em casa
O aposentado Marcos Schulz, 47 anos, têm duas filhas que estudam na David Espíndola, uma de 15 e outra de 16 anos. A mais velha estuda pela noite. A partir desta quarta-feira, depois de 20 dias do início oficial das aulas na rede estadual, foi confirmada a transferência dos 150 alunos do período noturno para a escola estadual do centro. Se antes a adolescente ia a pé para a escola, agora, o pai terá que levar e buscar, porque o transporte também não foi garantido aos alunos.
Mas o caso da filha mais nova é ainda mais complicado. Ela estuda pela manhã e não sabe quando suas aulas vão começar. Os demais 583 alunos passam pela mesma situação.
— Ainda não temos uma confirmação. A gente vê que direção e professores se dedicam para tentar encontrar um lugar para transferir os alunos. Mas me deixa frustrado que nenhuma autoridade estadual se preocupe com a educação na cidade —, lamentou o pai.
Duas reuniões entre pais e direção já foram realizadas. De acordo com a diretora Elisabeth Giuradelli, nenhum lugar adequado foi encontrado para abrigar os alunos. Chegaram a avaliar os pavilhões da Cozinha Comunitária Iolanda Brugnago e até o salão da Igreja do São Cristóvão. Mas nenhum dos dois garantiam a segurança dos alunos.
No final da tarde desta quarta-feira, a SDR encaminhou um novo ofício para a Defesa Civil pedindo a desinterdição. As obras emergenciais que ocorreriam somente no dia 18, vão começar agora, nesta quinta-feira.
O gerente de infraestrutura, Fabiano Lopes de Souza, enviou ainda um Atestado de Responsabilidade Técnica (ART), afirmando que há condições das reformas serem realizadas durante o período de aulas e que elas não vão oferecer perigo aos alunos. A reforma terá o custo de R$ 35 mil para reparos no telhado, nos banheiros, na rede elétrica e na manutenção de forros.
Escola foi interditada pela Defesa Civil devido a problemas na infraestrutura
Foto:
Ministério Público
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Divulgação
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