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 | 04/02/2013 20h42min

Motorista de ônibus incendiado em Navegantes viveu minutos de terror

Veículo, que teve a cabine destruída pelas chamas, foi comprado seis dias antes do ataque

Dagmara Spautz  |  dagmara.spautz@osoldiario.com.br

A ação foi rápida. Movimentação na rua, o som da porta do ônibus sendo forçada e, por fim, a explosão e as chamas. Em cinco minutos, a cabine do ônibus recém comprado por Adrien Matos Machado, alvo de um ataque na madrugada de segunda-feira, estava tomada pelas labaredas. Tempo suficiente para derreter o retrovisor e o volante, enegrecer as paredes e interromper a realização de um sonho.

Comprado seis dias antes, em Blumenau, o ônibus, que estava estacionado em frente à casa de Machado no Bairro Meia Praia, em Navegantes, seria transformado em um motor-home e já tinha a primeira viagem planejada: surfe nas praias do Chile. Portador de uma lesão no braço que o impede de trabalhar, Machado escolheu a dedo um ônibus automático, que lhe custou as economias de três anos.

Desesperado, ele fez o que pôde para conter o incêndio. Acordou a mulher e juntos, com a ajuda da vizinhança, conseguiram evitar que as chamas se alastrassem pelo veículo todo. Os bombeiros chegaram em seguida, para o rescaldo do incêndio. Sobraram pedaços retorcidos de ferro e uma decepção que Machado não acredita que consiga superar.

- Não quero mais saber desse ônibus. Estou procurando um lugar para deixar e, se não encontrar, vou me livrar dele. Em 50 anos de vida, nunca senti uma tristeza tão grande - desabafa.

Oportunismo

O atentado ao ônibus foi o primeiro registrado em Navegantes desde a volta dos ataques, na quarta-feira da semana passada. O incêndio teria sido causado por três homens, que jogaram material inflamável dentro do veículo. Minutos antes, um ônibus da Coletivo Itajaí havia sido atingido por tiros quando passava pela localidade do Brejo, no Bairro Cordeiros.

Além do motorista quatro passageiros estavam no veículo, mas ninguém se feriu. Ainda não se sabe se as ocorrências têm relação com outros atentados que se repetem pelo Estado há seis dias, atribuídos ao Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facção criminosa que atua no sistema prisional do Estado.

Para a polícia, é possível que muitas das ocorrências sejam causadas por oportunistas - criminosos que se aproveitam do clima de insegurança, já instaurado, para provocar o terror nas ruas.

- Ainda não podemos afirmar se os atentados têm relação com os demais ou se são atos de vandalismo - diz o delegado Celso Pereira de Andrade, da Divisão de Investigações Criminais de Itajaí (DIC).

Delegada Regional de Balneário Camboriú, Magali Nunes Ignácio diz que a ação de oportunistas não está descartada:

- É possível que pessoas se oportunizem das investidas do PGC.

Dois ataques a bomba em quatro dias

A polícia investiga o lançamento de um explosivo contra a Delegacia do Bairro Monte Alegre, em Camboriú, no domingo de manhã. A ocorrência vinha sendo mantida em sigilo e veio à tona segunda-feira à tarde. Foi o segundo atentado a bomba desde que reiniciou a onda de ataques no Estado, há seis dias.

O primeiro ataque foi registrado na noite de quinta-feira, quando uma granada de fabricação caseira foi lançada contra o muro da delegacia. Desta vez, o explosivo foi jogado no pátio que fica atrás do prédio e chegou a quebrar o vidro de uma viatura. A bomba deveria ter sido detonada pelo impacto, mas falhou. O artefato foi detonado pelo esquadrão antibomba do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), de Florianópolis.

De acordo com informações técnicas do Bope, o explosivo era feito com pólvora e esferas metálicas, e tinha poder de alcance de cinco metros de diâmetro. De acordo com o delegado Rodrigo Coronha, responsável pela Delegacia do Monte Alegre, testemunhas afirmaram ter visto dois homens em uma bicicleta atirarem o artefato no pátio. A polícia reforçou os plantões na delegacia e conta com auxílio de policiais da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) para solucionar o caso.

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