Onze horas de estudo por dia em 2012 foram recompensadas com festa, nesta quinta-feira, pelo estudante Lucas Eduardo Benthien dos Santos, de 18 anos. E olha que, pelo desempenho, ele até que merecia mais tinta e ovada dos amigos, como a que levou na avenida Marechal Deodoro, no Centro de Jaraguá do Sul, onde mora com a família.

O rapaz é o terceiro colocado geral entre os 5,7 mil classificados no vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deste ano.

Quer mais? Lucas passou para o curso de medicina, o mais concorrido da UFSC: 103 candidatos por vaga. Para se ter ideia da disputa acirrada, o segundo curso mais concorrido, o de arquitetura e urbanismo, tem 26 candidatos por vaga. A conquista foi na primeira maratona de vestibulares que Lucas prestou na vida.

Ele também foi aprovado na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mas é claro que vai optar em estudar em Florianópolis, perto de casa. Ainda em meio à alegria do resultado, Lucas diz que estava ansioso, mas confiante pela tranquilidade com que fez as provas.

— Sabia que tinha chance, mas ser o terceiro geral... caraca! — confessou.

A maratona para chegar ao resultado envolveu cinco horas diárias de estudos no colégio Posiville, em Joinville. Ele viajava todos os dias, cedinho, entre as duas cidades, para frequentar as aulas das 7h30 às 11h30. Em casa, eram mais seis horas em cima de livros e tarefas.

— No final do ano, senti o cansaço, diminuí o ritmo, mas consegui lembrar do que tinha estudado — diz.

Ele só não ficou em primeiro em Medicina porque o primeiro colocado geral, de Florianópolis, também é do curso.

Pai é médico

Lucas é filho e sobrinho de médicos, mas conta que o gosto por biologia e ciências naturais é que o atraiu para a área. O pai, Cláudio Luiz dos Santos, médico pneumologista também formado pela UFSC há 21 anos, diz que procurou dar alicerces a Lucas e outros dois filhos crescerem na vida. A escolha profissional depende deles.

— O mais importante para mim é que ele crescesse com valores morais, responsabilidade e que fosse um 'profissional dos estudos', que é o que nos faz crescer na vida. Não sei como descrever a sensação de ver tudo isso dando certo. Não vejo a hora de dar um abraço nele — disse o pai, orgulhoso, pouco depois do resultado, enquanto atendia em seu consultório.

A conquista de Lucas tem tudo para dar novos frutos. A irmã Daniela, de 16 anos, já pensa em prestar o vestibular para medicina na UFSC. Enquanto se prepara para a rotina de estudos, Lucas terá outros desafios, morando de aluguel, longe de casa. O exemplo e os ensinamentos do pai serão ainda mais importantes nessa nova fase da vida. 　

O vestibular deste ano teve 36,5 mil inscritos para seis mil vagas. Desses, 5.690 foram classificados, 17.426 aguardaram outras chamadas e 13.387 foram reprovados. Mais de 70% são catarinenses. O índice de abstenção (gente que não fez a prova) foi de 18%. Medicina foi o curso mais concorrido, com 103 candidatos por vaga. Dos dez primeiro colocados gerais, sete são do curso, dois de engenharia mecânica e um de engenharia elétrica.