A Educação Precisa de Respostas | 10/01/2013 07h03min
Porto Alegre – Depois de trabalhar por 10 anos como engenheiro no mercado automobilístico, o paulista Eduardo Shimahara apaixonou-se por outro tema: educação. Ele e três companheiros de sonho fundaram o coletivo Educ-ação (www.educ-acao.com) e deram início ao projeto Volta ao Mundo em 12 Escolas, em busca de histórias inspiradoras de diferentes lugares do planeta.
Com recursos conquistados em um site de financiamento coletivo, além de doações, o grupo já percorreu Suécia, Inglaterra, Espanha, Brasil, India, Indonésia e Estados Unidos. Até o fim deste ano, o livro que vai reunir os relatos dessas viagens deve ser publicado e distribuído gratuitamente na versão impressa e online (download). Na noite de hoje, uma parte dessa história será contada em Porto Alegre: Shimahara participa do Workshop Educação... e eu com isso? Confira abaixo trechos da entrevista concedida por e-mail.
Zero Hora: Qual projeto chamou mais a atenção da equipe?
Eduardo Shimahara: Cada projeto é absolutamente único e, portanto, incomparável. Acho que cada um de nós do coletivo que está escrevendo o livro tem seu “projeto preferido”. Para escolhermos 12 escolas entre centenas de opções, o critério foi a diversidade, ou seja, cada uma das 12 tem suas especificidades e temas. Eu tenho duas preferidas. A primeira é o YiP.se, que não é uma escola e, sim, uma proposta para que jovens entre 18 e 25 anos vivam em conjunto por um ano, tendo a cada semana um professor e temas bastante inspiradores. Na minha forma de ver, isso traz ao jovem um cardápio de inspiração, e acredito que acaba ajudando a escolher um caminho de uma forma melhor. A outra é a Green School em Bali, na Indonésia. É uma escola internacional com todos os anos até o Ensino Médio completo que tem como tema transversal a “sustentabilidade”. Mas essa palavra não é vista em nenhum lugar. Porém, desde a construção inteiramente de bambu, até o fato de 80% da energia elétrica ser gerada através de energia solar, sustentabilidade se vive, seja no
campus, seja nas aulas que funcionam em quatro camadas diferentes: cinestésica, social/emotiva, intelectual e espiritual.
Zero Hora: Um dos projetos capitaneados pelo Instituto Elos, do qual você participa, é o método Oasis, que propõe soluções em 48 horas para uma determinada comunidade. Esse método já foi aplicado em alguma escola?
Shimahara: Fui o responsável pela implantação da metodologia Elos/Oasis em um dos maiores grupos de ensino superior privados do país, o Anima Educação. Por mais de cinco anos, realizamos quatro Oasis por ano e chegamos a envolver mais de 500 voluntários numa das edições que reformou o hospital da Baleia em Belo Horizonte em 48 horas. Na última edição de 2012, uma escola estadual na cidade de Raposos (MG) foi completamente renovada também em 48 horas.
Zero Hora: Qual o maior desafio da educação tradicional (escolas, universidades) hoje no Brasil?
Shimahara: Muita gente critica o modelo atual/tradicional de ensino/aprendizado com um professor falando e impondo conteúdo numa sala de aula enquanto outras 40 ou mais pessoas passivamente assistem. Para mim, este modelo funciona, porém não para todos. Tem gente que aprende sentado numa carteira ouvindo alguém falar e impor conteúdo, mas certamente outros não. Minha experiência escolar teve raros momentos de prazer no aprendizado, seja no Ensino Médio ou no Superior, mas mesmo assim acredito que o futuro está na diversidade de opções de oferta. O maior desafio, na minha forma de ver, é buscar professores apaixonados pelo tema que “lecionam”, independentemente do salário que ganham. Conheci heróis que mesmo ganhando R$ 8 por hora, tinham paixão pelos temas e pelos alunos, da mesma forma que conheci professores que ganhavam mais de R$ 250 por hora e também eram apaixonados pelos temas. A paixão pela sala de aula não é algo que se ensina, acho que se aproxima muito de missão de vida ou de fato, de gostar daquilo que se faz.
angela.ravazollo@zerohora.com.br
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