Educação Infantil | 13/12/2012 09h08min
A secretária Marcia de Freitas Marques foi dormir com o coração na mão na terça-feira. Ela ouviu um categórico "nunca mais vou dançar" da filha Sara, de cinco anos.
A menina, com os olhos cheios d’água, ouviu a notícia que ela e outras 461 crianças de escolas e creches municipais não ocupariam mais o palco do auditório Araújo Vianna na noite de hoje. A apresentação, para qual elas ensaiavam desde outubro, foi cancelada na última hora.
O espetáculo reuniria crianças de 21 escolas públicas da Capital. Surpresa com o cancelamento tão próximo à data do evento, Márcia revoltou-se com a explicação dada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed):
– Eles estão ensaiando desde outubro e a Smed não previu os gastos com limpeza, segurança e transporte no orçamento. Simplesmente não constava no planejamento.
Segundo a secretária de educação, Cleci Jurach, o problema é que o evento consta no planejamento para "buscar parcerias". No entanto, ninguém se encarregou da tarefa, o tempo passou e o orçamento foi fechado no dia 7 de dezembro sem parceiros e sem a previsão dos gastos para a festa já marcada com as crianças.
– Foi um erro, mas depois de fechado, nada mais pode ser incluído. Não temos o que fazer – admite Cleci.
A falta dos R$ 13,6 mil – cerca de R$ 30 por criança – para a apresentação fez com que a festa fosse adiada para março de 2013, já que outros ginásios e locais da prefeitura em que o custo seria zero já estão com as datas ocupadas no fim do ano. Mesmo com remarcação, na tentativa de amenizar o dano para os pequenos, as professoras acreditam que a apresentação em março não terá o mesmo brilho.
>>>Veja mais imagens dos preparativos das crianças para a festa
– A maioria deles são alunos do jardim B e não estará mais aqui no ano que vem. Vai ser difícil de juntar todo mundo para apresentação. Vamos procurar um outro lugar, mas eles estavam empolgados, se sentindo estrelas por se apresentar em um lugar tão grande – conta a vice-diretora Escola Municipal de Educação Infantil Humaitá, Janaína Souza Neuls, onde a menina estuda.
Sara estava empolgada há meses, porque seria uma borboleta. A fantasia foi toda confeccionada pelas professoras. O dinheiro para comprar tecido, purpurina e lantejoulas foi levantado com a realização de brechós e rifas. A ação toda era para coroar o encerramento do projeto Nosso Som, inciativa de musicalização infantil da própria Smed, que trabalhou música com os pequenos durante todo o ano e teve até a gravação de um CD. O grand finale seria apresentação no Auditório.
Mas, se depender de Márcia, Sara e as outras crianças vão dançar, sim:
– Nem que a gente tenha que fazer no meio da praça do bairro.
ZERO HORA
Sara, cinco anos, (à esq) seria uma borboleta na festa desta quinta no Araújo Vianna
Foto:
Zero Hora
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