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Editorial  | 31/08/2012 07h01min

A reformulação do ensino

Como conciliar, numa mesma época de mutações aceleradas como a atual, escolas do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21? Autor do desafio, o professor Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos pela Educação, arriscou uma alternativa, depois de definir dessa forma a realidade do ensino no país, durante o lançamento da campanha A Educação Precisa de Respostas, do Grupo RBS: é preciso trazer tudo isso para o nosso tempo. A tarefa exige, entre outras providências, uma ampla reformulação do Ensino Médio, tornando o currículo mais atraente e mais inovador, sob o ponto de vista do professor e, principalmente, do aluno. A atualização dos conteúdos aos novos tempos é uma necessidade urgente e deveria ocorrer sempre na mesma frequência das transformações do mercado.

O Ministério da Educação, como adiantou no encontro, nesta semana, o ministro Aloizio Mercadante, estuda reduzir o elevado número de disciplinas do Ensino Médio, concentrando-o em quatro grandes áreas. Seria um avanço se as mudanças pretendidas pudessem ser postas em prática com o objetivo de facilitar a vida de quem estuda, sem prejuízos ao conteúdo necessário para a formação de jovens. Uma das grandes dificuldades de quem ingressa hoje no Ensino Médio, na maior parte das vezes com sérias dificuldades de formação herdadas do Ensino Fundamental, é se organizar frente a um número tão elevado de disciplinas, de professores, de cadernos de exercícios e de livros. Devido ao impacto que provocariam, os planos precisam ser acompanhados de perto pelos educadores, como forma de evitar problemas mais à frente.

Um dos aspectos que precisam estar presentes na redefinição de conteúdos é se o Ensino Médio vai continuar insistindo em preparar – e mal – alunos para a universidade, num país em que apenas 30% seguem esse caminho de imediato, ou se haverá mais atenção a quem precisa ingressar logo no mercado de trabalho. Independentemente da decisão de direcioná-lo mais para um lado ou para outro, melhores resultados sob o ponto de vista de um aprendizado de qualidade vão depender de maior atenção também ao Ensino Fundamental, que se constitui num pilar do conhecimento.

Cada geração tem suas características específicas, moldadas por transformações típicas da época nas quais os jovens se preparam para chegar à vida adulta. O currículo do Ensino Médio que serviu para os pais, portanto, nem sempre será o ideal também para os filhos, particularmente num período marcado por transformações profundas e rápidas como o atual. De nada valerão as mudanças, porém, se nem os professores nem as escolas estiverem devidamente preparados para implementá-las. A preocupação central precisa ser a de atrair mais jovens em sala de aula e de oferecer-lhes uma educação de qualidade, em condições de contribuir para melhorar sua vida em todos os níveis, incluindo o pessoal e o profissional.


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