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 | 18/05/2011 10h22min

Especial: Professores da rede estadual dobram jornada para completar renda em SC

O professor Ricardo Momm trabalha em duas escolas e ainda recorre a financiamento

O ajuste de salário dos professores está relacionado não só a investimentos governamentais e valorização da categoria, mas também deve trazer consequências na vida pessoal dos mestres. Ricardo Momm, de 36 anos, conta que o salário baixo nos seus 14 anos de magistério trouxe excesso de trabalho e foi determinante em toda a sua trajetória.

Veja os salários atuais
na rede estadual em SC

 

O professor lembra que já teve que trabalhar como consultor de empresa, vendedor de loja e garçom para complementar a renda. Atualmente, ele leciona em duas escolas, em uma média de 60 horas-aula semanais, nos três períodos do dia. Mesmo assim, depende de empréstimos para se manter.

— Falta dinheiro, e como temos que trabalhar mais, falta tempo. A gente que cuida das crianças dos outros, mas na prática, não temos nem como constituir a nossa família — diz ele, que é separado e sem filhos.

Mas, para o graduado em História e com especialização em Psicopedagogia, o pior prejuízo da defasagem salarial é justamente na formação e no desempenho do professor. Para fazer pós-graduação, ele teve que aumentar a carga de trabalho, o que o deixou ainda mais sobrecarregado. Também não há incentivos caso queira ingressar no mestrado.

— Para ser mestre em História, como quero, não terei nem abono de carga horária — lamenta.

A doutora em Psicologia do Trabalho, Lilia Aparecida Kanan, afirma que o baixo salário e a falta de estímulo aos professores podem diminuir a qualidade da educação.

— Há possibilidade de haver redução do comprometimento do profissional, da satisfação, do envolvimento com a carreira e queda da criatividade. Pode ocorrer inclusive o aumento de faltas — explica a psicóloga.

Para ela, com o salário baixo pago aos professores, no futuro, pode haver, inclusive, menos profissionais da categoria. Afinal, os estudantes avaliam o mercado de trabalho ao optar por uma carreira. Mesmo assim, segundo Lilia, pouco pagamento não significa obrigatoriamente prejuízos na atividade docente.

— Existem professores comprometidos, que encontram metas individuais capazes de compensar a pouca renda.

Apesar das dificuldades, o professor Ricardo se diz um deles:

— Eu até desanimo e tentei mudar de profissão. Mas não consigo fazer outra coisa, esses alunos são meu maior estímulo.

Reportagem Especial: Piso dos Professores

- Governo decide piso do magistério nesta terça-feira

- Professores da rede estadual devem paralisar na quarta-feira em todo país

- Pagar salário com abonos fez parte da política de LHS, diz ex-secretário de Educação

Daniel Conzi / Agencia RBS

"Eu até desanimo e tentei mudar de profissão. Mas não consigo fazer outra coisa, esses alunos são meu maior estímulo", diz o professor Ricardo Momm
Foto:  Daniel Conzi  /  Agencia RBS


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