O X da Educação | 18/06/2010 17h55min
O milagre da multiplicação de alunos em escolas da rede privada tem entre suas causas a percepção de que é preciso reformular para sobreviver. Diante da sangria nas salas de aula, as direções reagiram e passaram a trabalhar na oferta de novos serviços como forma de tornar seus estabelecimentos mais atrativos.
Um exemplo é o Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, que vinha perdendo estudantes ano a ano. Só em 2006, a queda foi de quase 10%. A escola mudou a forma de gestão em 2007 e entrou em curva ascendente. Cresceu 18% de lá para cá. Uma das inovações foi criar um sistema no qual os pais podem deixar a criança às 7h15min e buscá-la apenas às 20h. Isso foi possível porque o estabelecimento introduziu o turno integral e criou um serviço noturno com oferta de atividades como robótica, esporte, música e teatro.
– Procuramos oferecer um serviço que se adapte melhor às necessidades da família. A queda do número de alunos nos fez perceber que era necessário reagir – explica o diretor, Hilário Bassotto.
Para tornar a escola mais atrativa, o Champagnat também equipou laboratórios com equipamentos de última geração, instalou câmeras de segurança e adquiriu lousas eletrônicas que podem ser conectadas a computadores.
Bolsas fermentaram o crescimento
Outro fermento para o crescimento das particulares é a nova lei da filantropia. Para garantir o direito à isenção de impostos, as escolas filantrópicas precisam investir em ações sociais o equivalente a um quinto da sua arrecadação. A nova lei estabeleceu uma escala gradual por meio da qual, até 2012, 95% dessa contrapartida deverá ser oferecida na forma de bolsas de estudos para alunos pobres.
Um desses estabelecimentos é o Colégio Cenecista Nossa Senhora dos Anjos, que está oferecendo bolsas integrais para 10% dos seus alunos como forma de se adequar à lei. Antes, cerca de 6% dos alunos tinham bolsas. A escola vem crescendo a um ritmo anual de 15%. Em 2010, 60% dos 230 alunos novos vieram da rede pública. A instituição acabou de inaugurar um prédio com 12 salas de aula para atender à demanda. Também investiu pesado em segurança.
– Uma das primeiras coisas que os pais perguntam é se as crianças vão estar seguras – explica a diretora, Eunice Carolina Ohlweiler de Oliveira.
O nó para a escola particular é agora o Ensino Médio, que não conseguiu reagir como os outros níveis. As dificuldades são o ProUni e as cotas em universidades, que favorecem o acesso ao Ensino Superior de quem fez o secundário em escola pública.
Publicado em Zero Hora em 14/03/2010
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