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O X da Educação  | 18/06/2010 17h50min

O novo voo das escolas privadas

Por que as instituições particulares de ensino estão revertendo uma tendência demográfica e reconquistando estudantes

Ao fechar as matrículas no começo de 2007, o Colégio Vicentino Santa Cecília, da Capital, descobriu-se reduzido a apenas 298 alunos – uma centena a menos do que no ano anterior. No ínício do atual ano letivo, passados apenas três anos, a escola tinha mais do que dobrado de tamanho. Registrava 697 alunos – e continuava a receber uma média de cinco novas matrículas por dia na terceira semana de aulas.

A reviravolta experimentada no Santa Cecília é parte de um intrigante fenômeno de reflorescimento da escola privada. Depois de uma prolongada hemorragia de alunos, que levou à perda de mais de 1 milhão de matriculados apenas entre 2005 e 2007, as particulares voltaram a crescer.

Os estabelecimentos gaúchos de Ensino Fundamental são um bom exemplo. Passaram de 155 mil estudantes em 1999 para 130 mil em 2007. Reagiram a partir de 2008 e no ano passado já computavam 136 mil alunos.

O crescimento da escola privada chama a atenção por contrariar a lógica demográfica. Na última década, a quantidade de crianças e adolescentes despencou no país, fazendo encolher a população em idade escolar. Na faixa dos 10 aos 14 anos, havia 38% a menos de brasileiros em 2007, na comparação com 2000. No Rio Grande do Sul, o declínio alcançou 41,5%.

A queda foi ainda mais dramática na faixa dos 15 aos 19 anos: 41,1% no Brasil e 45,1% no Estado. Como consequência, as escolas brasileiras perderam no total mais de 3 milhões de alunos apenas entre 2005 e 2009. A receita que produziu crescimento em um mercado minguante tem entre seus ingredientes a emergência da classe C, que tornou o sonho da escola particular acessível a uma parcela maior da população. Conforme um levantamento do Data Popular, esse segmento social duplicou sua envergadura entre 2002 e 2007, passando a representar metade dos lares brasileiros.

Segundo o estudo, a classe C já representava 33% das matriculas na escola particular, contra 38% das classes A e B. Esse fator econômico é apontado como a causa do novo fôlego da escola privada por Osvino Toillier, presidente do Sindicatos dos estabelecimentos do Ensino Privado no Rio Grande do Sul.

– O sonho da classe C é matricular o filho na escola particular. Minha leitura está associada a isso. Hoje esse desejo se tornou uma possibilidade para mais pessoas. As classes A e B colocam a criança no colégio particular independentemente de haver crise ou não, mas a classe C depende da situação econômica nacional, e essa situação se tornou favorável – observa Toillier.

Essa nova possibilidade transformou alunos oriundos de escolas públicas no combustível do crescimento da rede privada. Houve uma inversão do fenômeno de uma década atrás, quando aconteceu uma migração dos colégios privados para estabelecimentos municipais e estaduais. O Santa Cecília, por exemplo, recebeu 143 novos alunos em 2010. Metade deles veio de escolas públicas. Um exemplo é o dos irmãos, João Alfredo, 13 anos, e Carlos Guilherme, 11 anos, que chegaram no ano passado, transferidos do colégio público onde haviam feito toda a sua vida escolar. Era um sonho antigo dos pais, que esperaram o negócio da família, um restaurante, consolidarse para fazer o investimento.

– Nossa situação ficou melhor e permitiu isso. A troca foi por causa da baixa qualidade do ensino público.

Algumas matérias não têm professor e em outras o professor falta muito. Meu filho mais velho teve uma professora de matemática que faltou 45 dias – critica a mãe, Rosiméri de Oliveira. A cartilha para multiplicar matrículas, no Santa Cecília, incluiu investir para fazer uma escola na medida do desejo de pais e crianças. Além de apostar no marketing, a direção aplicou recursos na reforma do prédio, criou um estacionamento para tornar confortáveis os horários de entrada e saída, montou laboratórios equipados com novas tecnologias, passou a receber bebês a partir dos quatro meses e criou o turno integral. Pensando na realidade dos pais no mercado de trabalho, criou atividades que permitem aos estudantes ficar até as 19h30min no estabelecimento, apesar de as aulas acabarem às 17h40min.

– Muitos pais simplesmente não conseguem chegar antes, por causa do trânsito caótico. Para este ano, quero ampliar o horário até as 20h.

O investimento que a gente faz é para o pai ver que o dinheiro da mensalidade vale a pena – explica a diretora, irmã Maria José de Souza.

Publicado em Zero Hora em 14/03/2010


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