| 13/03/2009 02h41min
A vitória do Grêmio sobre o Boyacá Chicó, nesta quarta-feira, ainda repercute. Na corda banda, o técnico Celso Roth sabia que a vitória era fundamental para a permanência no cargo. Com o resultado positivo, o treinador ganhou créditos para continuar o trabalho.
O quarto 820 do Hotel Hunza foi o cenário das horas de angústia de Roth antes da vitória sobre o Boyacá. Pouco depois do almoço, por volta das 16h, o técnico abriu a porta para o preparador físico Beto Ferreira. Os dois são amigos e parceiros de trabalho há mais de uma década. Beto é o confidente de Roth.
A conversa entre o técnico e o preparador correu por uma hora. Não era sobre o jogo, afinal o planejamento já estava costurado.
Falaram de sonhos e de futuro. Roth almeja esta Libertadores.
Acredita que dispõe de time e grupo para conquistar o grande título da carreira. Mas tudo era incerto a partir de Tunja.
Em caso de demissão, os dois sabiam que propostas chegariam rápido. Mas não tinham planos imediatos. Tirar férias talvez fosse uma possibilidade. Apesar de confiantes no trabalho, sabiam que corriam risco de cumprir como desempregados as 16 horas desde Tunja.
– Havia apenas uma chance de seguirmos no Grêmio. Talvez até um empate nos derrubasse – calculava Beto Ferreira.
A derrota no Gre-Nal colocou a comissão técnica em turbilhão. Até mesmo ir ao supermercado havia se tornado um tormento.
– Na sexta-feira, fui xingado enquanto comprava café e pão. O Celso também estava passando por isso – revelou o preparador.
No Estádio de La Independencia, Roth pediu aos jogadores que vencessem pelo Grêmio, não por ele. O grupo parece tê-lo ignorado. Ao final, no vestiário, uma romaria teve início. Um a um, os jogadores abraçaram o técnico. Depois, ele sentou-se em um contêiner, atirou a jaqueta e a prancheta para o lado e, aliviado, entornou uma garrafa de água mineral.
É bem verdade que, desde a chegada à Colômbia, o técnico exibia ar sereno. Na terça-feira, tomou o café da manhã com o presidente Duda Kroeff, no Hotel Habitel, em Bogotá. Ali, recebeu apoio e incentivo.
– Foi um diálogo franco. Falamos de futebol, do empate entre América, de Cáli, e Independiente Medellín na noite anterior. Celso é um bom papo – contou Duda, antes do embarque em Bogotá.
Apesar do turbilhão dos últimos dias, Roth garantiu que a alegria era pela vitória e não pela manutenção do emprego:
– Sabe por que não sofro mais com iminentes demissões? Porque, no futebol, quando se entende a razão das coisas, se sofre menos. Isso vem com a idade e com a bagagem de vida.
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