| 15/01/2008 08h10min
Há várias leituras para a fartura de sorrisos na despedida. O Inter deixa os Emirados Árabes com a taça da Copa Dubai e a certeza de ter feito tudo direitinho na pré-temporada, base indispensável para quem pensa em disputar títulos.
Os jogadores chegam à meia-noite desta terça-feira a Porto Alegre com a auto-estima vitaminada. Tanta alegria assim pode ser motivada, também, por uma virtude rara: o Inter de 2008 é um escrete de capitães.
Até o jovem Sidnei
No sentido literal. Do time que vergou os italianos da Inter, de Milão, e os alemães do Stuttgart, quem não ajeitou a braçadeira no alto do braço ao menos uma vez na vida? Só Nilmar. Os outro todos, ainda que por um jogo ou durante alguns minutos, desempenharam esta função. Até o garoto Sidnei, 18 anos, na seleção sub-17.
É só ir contando. Fernandão, Clemer, Iarley e Alex no Inter; o argentino Guiñazu, no Libertad; Magrão, no São Caetano e
no Corinthians. Também o colombiano Orozco: foi capitão no Dorados
e no Morelia, do México. E em todas as categorias de base da Colômbia.
– E em dois jogos pela seleção principal — acrescenta o líbero de Abel. – Sempre fui capitão.
Outro caso clássico é o do zagueiro Marcão. Tivesse o Atlético-PR vencido o São Paulo na final da Libertadores de 2005, ele teria erguido a taça. Acostumado a se impor pela personalidade forte, Marcão reconhece que nunca participou de um grupo com tantos jogadores investidos do perfil de liderança:
– Nunca vi nada parecido. Isso é bom, reparte a responsabilidade.
Fernandão, o general
Fernandão, digamos que o general do exército de capitães, aprofunda o tema. Como é seu costume, aliás. Os perfis de liderança resultarão em um coletivo sólido. Líderes, por definição, devem ter consciência da sua importância no conjunto e trabalhar por ele antes do lado individual.
– E tem a história
do instante — ensina Fernandão. – No campo, você tem que tomar decisões em um
segundo. A maturidade ajuda na escolha da melhor alternativa. Mais ainda: te ajuda a tomar, de fato, a decisão.
Com tantos oficiais na tropa, a fileira dos soldados rasos tem motivos para festejar. Quando Titi, Guto, Ramon, Jonas ou Danny Morais foram chamados pelo técnico Abel Braga, sentiam-se seguros. Ao contrário do ano passado.
– Naquela barca do Gallo (técnico Alexandre Gallo) era ruim para chegar ao profissional. Quase me estrepei ali. Agora é muito mais fácil – concorda Titi, coçando a cabeça.
Força para buscar o resultado
Até Renan, de 22 anos, capitão da seleção sub-20 no Mundial da Holanda, em 2005, reconhece que o respaldo do oficialato vai ajudá-lo a ter seqüência como titular, apesar da sombra de Clemer:
– No ano passado, o time ficava inseguro quando tomava um gol. Agora, não: ninguém menos do que a Inter, de Milão, empatou na final da Copa Dubai e
fomos buscar o resultado.
Há motivos, portanto, para o sorriso
largo de Abel na despedida, em Abu Dhabi. Não é todo dia que se comanda um escrete de capitães.
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