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 | 22/08/2005 11h14min

Delegação do Brasil chega a Londres para investigar morte de brasileiro

Família de Jean Charles Menezes quer que responsáveis sejam castigados

Uma delegação do governo brasileiro chegou hoje em Londres para acompanhar de perto a investigação sobre a morte de Jean Charles de Menezes, o jovem de 27 anos que há um mês foi abatido pela Polícia ao ser confundido com um terrorista.

Wagner Gonçalves, subprocurador-geral da República, e Márcio Pereira Pinto Garcia, o diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, chegaram ao aeroporto de Heathrow às 09h50min de Brasília, em um vôo da Varig procedente de São Paulo.

A chegada ocorre um mês depois que Jean Charles morreu no metrô de Londres nas mãos de um agente à paisana que disparou oito tiros contra ele – sete deles na cabeça – por confundi-lo com um dos supostos autores dos atentados fracassados do dia 21 de julho.

Nos próximos dias, os brasileiros se reunirão com o subcomissário da Polícia Metropolitana de Londres, John Yates, e com membros da Comissão de Investigação de Queixas contra a Polícia (IPCC, em inglês), que tenta esclarecer se houve negligência na atuação policial que levou à morte de Jean Charles.

Segundo a embaixada, o objetivo dos delegados do governo do Brasil é fazer com que seja esclarecida "uma série de atos" relacionados à investigação, incluindo a informação divulgada pela Polícia que contradiz à revelada pela imprensa.

O comissário da Scotland Yard, Ian Blair, afirmou em sua primeira declaração após o ocorrido em 22 de julho que o brasileiro tinha fugido da Polícia e ignorado suas advertências. Documentos da investigação que vazaram para a imprensa na semana passada confirmaram que o jovem entrou tranqüilamente no metrô e se sentou em um vagão antes de ser baleado. Ele também não usava um casaco grande onde poderia esconder uma bomba, como foi dito pelas forças da ordem.

A polícia explicou mais tarde que tinha confundido Jean Charles com um dos supostos autores dos atentados fracassados do dia 21 de julho contra o metrô e um ônibus de Londres, já que ele vivia no mesmo bloco de apartamentos que um deles.

A família de Jean Charles pediu a demissão do comissário da Scotland Yard, que, por sua vez, recebeu o firme apoio do primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, e de outros membros do governo, como o ministro do Interior, Charles Clarke, e o vice-primeiro-ministro, John Prescott.

A mãe do falecido pediu hoje que os responsáveis por sua morte "sejam castigados" e ressaltou que eles destruíram toda a vida da família.

– Acabaram com a vida dele e também com a minha – declarou Maria entre lágrimas à rede pública britânica BBC. Um primo da vítima, Giovanni da Silva, acusou a Polícia de "mentir" ao dar uma primeira versão falsa do ocorrido e reclamou que sejam publicadas as imagens captadas pelas câmaras do circuito fechado de segurança da estação de Stockwell, que, segundo ele, demonstrarão que seu parente não entrou no metrô com atitude suspeita.

As tensões entre a família de Jean Charles e a polícia se evidenciaram neste fim de semana, quando a Scotland Yard confirmou que lhe ofereceu uma compensação "ex gratia" de 22 mil euros, que foi rejeitada.

AGÊNCIA EFE
 

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