O presidente de Israel disse ter apertado as mãos dos líderes da Síria e do Irã nesta sexta, dia 8, no Vaticano, quando o papa João Paulo II, mesmo morto, conseguiu reunir mais inimigos do Oriente Médio que qualquer homem vivo.

Cercado de centenas de autoridades internacionais, o israelense Moshe Katsav teve encontros históricos com o presidente Bashar Assad, da Síria, país que se considera formalmente em guerra com Israel, e com o presidente iraniano, Mohammad Khatami.

Acredita-se que tenha sido a primeira vez que um presidente israelense apertou as mãos de líderes sírios e iranianos. Uma fonte do governo de Israel disse que é cedo para saber se os contatos se traduziriam em relações diplomáticas no futuro.

Não houve comentários imediatos sobre o encontro por parte do Irã e da Síria. Também não está claro se eles foram registrados em vídeo.

– O presidente sírio estava na cadeira atrás de mim. Trocamos sorrisos e um aperto de mão – disse Katsav, cujo cargo é principalmente cerimonial.

A declaração foi reproduzida pela página eletrônica do jornal Maariv, de Israel.

Katsav, nascido no Irã, também afirmou que conversou com Khatami sobre a cidade-natal de ambos. A política oficial do Irã é destruir o Estado judaico.

– O presidente do Irã estendeu a mão para mim, eu a apertei e disse a ele em farsi: que a paz esteja com vocês – disse Katsav ao site do jornal.

Ele contou ter cumprimentado Assad novamente durante o funeral, aparentemente quando se pediu aos convidados que se cumprimentassem entre si, num gesto de boa vontade.

– Dessa vez foi o presidente sírio que estendeu a mão para mim – afirmou Katsav, segundo o site.

"Encontro histórico em Roma" era a manchete do jornal Yedioth Ahronoth, o maior de Israel, em seu site, relatando o que ocorreu.

As delegações de Israel e Síria estavam próximas. A última vez que os dois países negociaram a paz foi em 2000. As negociações fracassaram por causa da disputa sobre as colinas do Golã, ocupadas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

A Síria já pediu várias vezes a retomada das negociações. O premiê israelense, Ariel Sharon, afirma que a Síria primeiro tem de se retirar do Líbano e parar de apoiar guerrilhas libanesas e militantes palestinos.

Katsav já tentou agir buscando retomar os contatos entre Israel e Síria. Em janeiro de 2004, convidou Assad a ir a Jerusalém, mas a medida foi encarada pelo governo sírio como um golpe de propaganda.

Israel também acusa o Irã de dar apoio a militantes antiisraelenses, e vem criticando duramente seu programa nuclear.

As informações são da agência Reuters.