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Ambiente  | 01/04/2011 07h32min

Cultivo de pinus está sendo investigado em Cambará do Sul

Irregularidades no plantio ameaçam Parques Nacionais Aparados da Serra e Serra Geral

Babiana Mugnol  |  babiana.mugnol@pioneiro.com

O Ministério Público Federal (MPF) investiga o plantio irregular de pinus em zonas próximas aos Parques Nacionais Aparados da Serra e Serra Geral, em Cambará do Sul. A suspeita é de que pelo menos cinco empresas estejam causando danos às unidades federais de conservação, onde estão localizados os cânions do Itaimbezinho e Fortaleza.

A medida é necessária por conta das peculiaridades do plantio em áreas de preservação permanente. A atividade de silvicultura irregular abala todo o ecossistema dos Campos de Cima da Serra. A estimativa é de que mais de cinco mil hectares localizados na zona de amortecimento da reserva são ocupados com plantio de pinus, conforme o chefe da unidade dos Aparados da Serra, Deonir Geolvane Zimmermann.

— Além de alterar toda a paisagem, isso tudo ainda quebra corredores ecológicos, tanto de fauna como de transporte de sementes de espécies vegetais nativas — aponta o chefe da unidade federal.

Conforme a procuradora da república responsável pelo departamento ambiental do MPF em Caxias, Luciana Guarnieri, as empresas estão sendo investigadas por não cumprir as regras estabelecidas pelo plano de manejo, criado em 2004 e regulamentado a partir de 2009.

— Durante muito tempo não se tinha controle algum e havia até incentivo para a plantação. Hoje nós temos de erradicar o pinus nessa área dos parques e zona de exclusão, porque além de nocivo, tem alto poder de contaminação. Basta andar pelos parques para ver como ele se espalha rapidamente — justifica.

Os parques

Juntos, os Parques Nacionais Aparados da Serra e Serra Geral, em Cambará do Sul, estão compreendidos em uma área de cerca de 30 mil hectares. Para monitorar as duas unidades, há seis funcionários federais. Pelo menos 40 plantios da espécie já foram identificados por satélite na região e a intenção da direção dos parques é apurar se estão em situação irregular, conforme o chefe do Parque Nacional Aparados da Serra, Deonir Geolvane Zimmermann. Além de controlar as propriedades vizinhas, esse pessoal precisa fazer o mesmo dentro do próprio parque, onde ainda há terras particulares.

— Várias propriedades que ainda não foram indenizadas possuem plantio de pinus, que é proibido — explica Zimmermann.

Mesmo assim, os moradores da região de Cambará, com terras no entorno dos parques, não são o maior problema, segundo o diretor da unidade de conservação.

— Eles têm criação de gado, mas isso não significa tanta ameaça. O que tem ocorrido é a venda dessas áreas para pessoas de outras regiões e eles fazem investimentos sem consultar o poder público para ver quais são as restrições. Quando a gente percebe, já está feito — relata.

Além de identificar os responsáveis pelo plantio, os funcionários também precisam eliminar as sementes da planta exótica, facilmente espalhadas pelo vento. Do contrário, elas predominam e ameaçam as araucárias, espécies nativas em extinção.

 

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