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 | 04/03/2007 09h00min

Temer e Jobim travam guerra interna no PMDB

Candidatos disputam no dia 11 o comando da maior sigla pró-Lula

Fábio Schaffner  |  fabio.schaffner@rbs.com.br

Michel Temer e Nelson Jobim, os dois candidatos à presidência do PMDB, pregam em seus pronunciamentos a unificação do partido, o maior do país, com mais de 2 milhões de filiados, sete governadores e as maiores bancadas na Câmara e no Senado.

Esse discurso esconde uma guerra pelo poder marcada por sabotagens e traições. Os reais objetivos que movem os grupos no duelo pelo comando do PMDB são dois: dialogar diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desfrutar de prestígio político na Esplanada dos Ministérios.

– O jogo está pesadíssimo. O território está mais minado do que Cabul (capital do Afeganistão) – resume o deputado federal Darcísio Perondi.

O principal foco de conflito se concentra na indicação do novo ministro da Saúde. O médico sanitarista José Gomes Temporão, que deve assumir a pasta, é ligado à bancada do PMDB no Senado, como seu principal padrinho, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e tem o apoio dos defensores da candidatura de Jobim. O bloco de Temer, mais numeroso e coeso, insistia em indicar um deputado para a pasta. Estavam cotados os gaúchos Perondi e Osmar Terra, além de Marcelo Castro (PI), Moisés Avelino (TO) e Reinhold Stephanes (PR).

A divisão entre os dois grupos se acentuou na semana passada, depois de Lula manifestar preferência por Jobim e afirmar que pretende esperar a eleição no PMDB para deflagrar a reforma ministerial. Na noite de 23 de fevereiro, Lula manteve um encontro sigiloso com Jobim. A ação do presidente foi vista pelos aliados de Temer como uma interferência indevida na eleição do partido.

Uma reação se ensaiou na Câmara. No início da semana, Geddel Vieira Lima (BA), cotado para o Ministério da Integração Nacional, assumiu a coordenação da campanha de Temer e passou a semana alojado no gabinete da presidência do PMDB, de onde passou a cabalar votos. A estratégia deu resultados. Temer assegurou o apoio da maioria dos diretórios do Rio (77 votos), Minas Gerais (66) e São Paulo (43).

Ao recusar ministério, Temer frustrou manobra governista

Assustado com o crescimento da candidatura, Lula pediu ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que oferecesse a Temer o Ministério da Previdência. Na terça-feira, enquanto Jobim recebia no Rio o apoio de cinco governadores do PMDB, Tarso conversava com Temer no Palácio do Planalto. Para Lula, a oferta resolveria dois problemas: acalmaria a bancada na Câmara e tiraria Temer da disputa, abrindo caminho para Jobim. Em outro flanco, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, chamou a seu gabinete todos os deputados da bancada mineira do partido, em busca de votos para Jobim.

Deu tudo errado. Temer recusou o ministério e viu crescer o apoio a sua candidatura.

Na quarta-feira, sentado com Temer nos fundos do plenário da Câmara, o deputado e ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira (CE) afiançou ao candidato à reeleição o apoio do diretório cearense, sexto maior colégio eleitoral da convenção partidária.

Acuado, Jobim foi a campo para tentar deter o avanço do adversário. Viajou a Minas Gerais na quinta-feira, onde permaneceu até o dia seguinte mantendo contatos com dissidentes de sua candidatura. No mesmo dia, porém, aliados já tentavam convencer o gaúcho a abandonar a disputa.

Distante das bases, Jobim é visto no partido como um quadro refratário às miudezas da política varejista, sem paciência para atender demandas de prefeitos e vereadores, por exemplo.

– Quando chega ao céu, Jobim não conversa mais com os humanos – declarou o ex- prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado.

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