Um vídeo, com o depoimento de um controlador de vôo de Brasília, seria a prova de que realmente existe um ponto cego no controle aéreo brasileiro. O vídeo foi mostrado em reportagem do Fantástico na noite de ontem.

O material foi gravado esta semana no Cindacta de Brasília. Na tela de um controlador de vôo, existem três aviões – dois jatos comerciais e um particular. Em instantes eles desaparecem porque entram na área cega. O ponto cego – a 200 milhas, pouco mais de 300 quilômetros, ao norte de Brasília – é conhecido de todos, segundo a reportagem.

Segundo um controlador, o piloto fica nessa zona cega por aproximadamente 15 minutos. A Aeronáutica diz que os aviões, mesmo sem acompanhamento por radar, continuam se comunicando com Brasília pelo rádio. Mas essa comunicação também é precária e, muitas vezes, falha. A reportagem mostrou também um diálogo entre um piloto e um controlador, em que o som é cortado e o piloto reclama várias vezes do sinal ruim.

O controlador entrevistado pelo Fantástico estava no Cindacta de Brasília no dia do acidente.

– A situação ficou meio complicada quando os controladores perceberam que o Gol não tinha aparecido na tela radar. Foi aí que ligaram para o Centro Amazônico tentando procurar... Na outra console, um dos controladores tinha recebido a informação de que o November 600 – o Legacy – tinha pousado em Cachimbo em emergência porque havia colidido com alguma coisa a 37 mil pés. Os controladores começaram a perceber que a única aeronave que tinha naquela altura era o Gol. Quarenta minutos depois, uma rádio informou que viu uma bola de fogo no meio do mato. E nós percebemos que a aeronave tinha colidido.

O advogado dos controladores, Normando Cavalcanti Jr., culpa, principalmente, os equipamentos. Segundo ele, há provas de que o software indicava que o Legacy estava a 36 mil pés, confundindo o controlador responsável.

O Fantástico ouviu a Aeronáutica sobre a denúncia apresentada na reportagem. O comando da Aeronáutica disse lamentar que "pessoas mal intencionadas forneçam informações fora de contexto, com o intuito de desinformar a sociedade".