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 | 20/11/2006 21h01min

Polícia ouve controladores sobre acidente com avião da Gol

Conteúdo dos interrogatórios não foi divulgado

O delegado Rubens José Maleiner interrogou nesta segunda quatro controladores de vôo sobre o acidente entre o Boeing da Gol e o Legacy da norte-americana ExcelAire, que provocou a morte de 154 pessoas em setembro no norte do Mato Grosso. Destes, três operam em São José dos Campos e um em Brasília.

Segundo o delegado, os depoimentos foram longos e ricos. O delegado não informou, no entanto, o conteúdo dos depoimentos, e nem disse se as informações obtidas nesta segunda contribuirão para o avanço da investigação.

Amanhã pela manhã, o delegado retoma a série de depoimentos. A Polícia Federal (PF) não descarta a possibilidade de ouvir novamente os controladores que já falaram.

Na tarde desta segunda, policiais entregaram ao brigadeiro Jorge Kersul, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ordem da Justiça Federal do Mato Grosso para que o órgão compartilhe com a PF todas as informações de que dispõe sobre o acidente.

A PF espera ter acesso, principalmente, aos dados das caixas-pretas dos dois aviões. É a partir daí que a polícia pretende interrogar os pilotos do Legacy, que continuam impedidos de deixar o Brasil.

O delegado Renato Sayão, que preside o inquérito, não pôde conduzir os interrogatórios, como estava previsto desde o início do mês, porque está com hérnia de disco. Segundo a assessoria de imprensa da PF, o delegado ficará de licença médica por 10 dias.

O relatório preliminar da Comissão de Investigação da Aeronáutica informa que o choque entre as aeronaves pode ter sido provocado por falhas de comunicação entre os pilotos do Legacy e o Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Brasília. O documento revela que o centro de controle e o jato fizeram, sem sucesso, 26 tentativas de contato, a última delas um segundo antes da colisão.

Os militares sustentam ainda que o transponder do Legacy, essencial para identificar a altitude do avião, ficou uma hora sem comunicação com os radares de Brasília e de Manaus. O acidente ocorreu a 37 mil pés de altitude, faixa reservada ao Boeing. Pelo plano de vôo original, elaborado no Centro de Controle de Tráfego Aéreo de São José dos Campos, o Legacy deveria estar, naquele momento, a 38 mil pés de altura. O Legacy partiria de São José dos Campos a 37 mil pés, viajaria até Brasília nessa altitude, depois desceria para 36 mil pés e, num dado trecho, subiria para 38 mil pés, até chegar em Manaus.

O relatório não deixou claro, porém, se os pilotos do Legacy se mantiveram na faixa original dos 37 mil pés por conta própria ou se foram instruídos a não alterar a rota. A FAB também não sabe se o transponder não estava funcionando por problema técnico ou por má operação.

O ministro da Defesa, Waldir Pires, negou a existência de um "buraco negro" na comunicação entre os controles de vôo de Brasília e Manaus, região onde não chegariam as instruções de vôo para as aeronaves. Para ele, existe uma superposição dos sistemas de rádio entre os dois controles aéreos, ou seja, o alcance do sinal de um centro vai até a área coberta pelo outro centro.

AGÊNCIA O GLOBO
 

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