| 07/10/2006 11h24min
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, chegará neste domingo à China para o primeiro encontro de alto nível entre os dois países desde 2002. A viagem, marcada repentinamente por Abe, logo após assumir o cargo, foi imediatamente aceita pela China.
– Um acordo permitiu superar os obstáculos políticos nas relações bilaterais –, segundo um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, que não revelou detalhes. Às vésperas da chegada de Abe à capital chinesa, o Conselho de Segurança da ONU determinou que a Coréia do Norte abandone sua intenção de realizar um teste nuclear. Segundo fontes japonesas, a explosão controlada pode acontecer amanhã, aniversário da nomeação do líder norte-coreano Kim Jong-Il. Além de iniciar o degelo das relações bilaterais, Abe e os líderes chineses discutirão amanhã uma forma de retomar as conversas sobre o programa nuclear norte-coreano, atualmente bloqueadas. O Japão é o país que se considera mais ameaçado por uma Coréia do Norte com armas nucleares. A China, por sua vez, é o único aliado norte-coreano na região. Sua ajuda permite a sobrevivência do regime comunista, isolado internacionalmente. Desde seu primeiro discurso político, o primeiro-ministro japonês estendeu a mão a seus vizinhos. Apesar de suas propostas de acelerar a revisão da Constituição pacifista para fazer do Japão "um país como os outros", com uma força militar eficaz, ele também tem falado de "uma diplomacia mais ativa" na região. A visita de Abe a Pequim é um passo de gigante rumo ao degelo. As relações entre os dois países foram prejudicadas pelas repetidas visitas do ex-primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, ao santuário de Yasukuni, que honra a memória dos japoneses mortos em combate, entre eles 14 criminosos de guerra. As visitas de Koizumi ao templo também dificultaram as relações com a Coréia do Sul, próximo destino de Abe, dia 9 de outubro, imediatamente após deixar a China. As perspectivas são de que a reunião do primeiro-ministro do Japão com os líderes chineses inicie o fim "da guerra fria" entre as maiores potências da Ásia, segundo os analistas. No norte da Ásia, ao contrário do que aconteceu na Europa, o ressentimento pela guerra tem impedido até hoje alianças econômicas, políticas e estratégicas entre os ex-inimigos. Mas há fortes pressões dos setores econômicos japoneses, já que a China é o maior parceiro comercial do Japão. Com a mudança de primeiro-ministro no Japão, os contatos diplomáticos devem começar a refletir o rápido crescimento dos intercâmbios comerciais. Em Pequim, ninguém duvida que Abe, membro do nacionalista partido de direita LDP e visitante habitual de Yasukuni, manterá a tradição de seu antecessor. Mas nem ele nem os líderes chineses quiseram falar do assunto antes da viagem. O santuário só deverá ser discutido a portas fechadas. Espera-se um compromisso de "baixar o tom". Frases como "ele deveria olhar-se no espelho da história", freqüentes em Pequim para falar de Koizumi, seriam abandonadas. A mudança em Tóquio é vista como bom motivo para melhorar as relações bilaterais. E, além disso, tentar encontrar uma solução para o problema nuclear norte-coreano. AGÊNCIA EFEGrupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.